domingo, 4 de outubro de 2009

O milagre aconteceu

Silvane Saboia



Não sei se fiquei alegre ou triste, mas quando vi "aquela coisa chorando e falando, se achando a bala que matou o Kennedy, a última coca-cola gelada do deserto", eu tive uma raiva danada!
Como diz a Mara, preferiria vê-lo chorando porque novos hospitais foram construídos, porque aqui no Nordeste não se anda mais kilômetros para arranjar água, ou por um acontecimento mundial de "união de países" que acabaria com a fome na África e no mundo todo!!
Ou até quem sabe, algum milagre, uma idéia luminosa, mágica...!?
Não há mais roubo no governo, os nossos idosos estão bem cuidados, limpos em suas caminhas solitárias, mas com uma vida digna!
O milagre aconteceu!!!
O mundo acordou!
Ninguém mais está querendo saber se tem água em Marte,ou em outro planeta!
Que uma lei poderosa, assinada por todos os senhores do poder, dissesse:
- “Enquanto houver alguém sem trabalho e com fome, nenhum gasto será feito até resolver esta situação!”
Eu dei meus parabéns ao Rio, cidade linda, charmosa!
Mas fiquei com tudo isso entalado na garganta desde ontem.
Hoje, quando acordei, abri a janela e a primeira cena que ví na rua foi a dos catadores de lixo, aqueles que vão levando a família toda dentro das carroças, crianças nuas e bem pequenas.
Aqui em Fortaleza esta cena é comum demais.
O jumentinho deveria até já ter pisca-pisca, já que atrapalha o trânsito.
Olimpíadas no Brasil!
Obras vão ser superfaturadas é claro, licitações, acordos e o escambau!
E eu fiquei vendo a carroça se afastando pela rua onde moro... o menininho sorria!
E o jumentinho seguiu seu caminho...
Será que vai ter corrida de jegues nestas olimpíadas?
Aqui no Ceará tem!
Uma coisa a se pensar pra 2016.

Resenha antecipada dos jogos olímpicos.



Haroldo P. Barboza - RJ/Vila Isabel*
O Brasil “ganhou” o direito de sediar os jogos olímpicos de 2016, conforme provável decisão do clube de Bilderberg. A “votação” serviu como mera formalidade para atender à programação das tvs. Votação secreta eletrônica. Não vimos nenhuma cédula sendo depositada. Devem ter usado o mesmo esquema brasileiro, onde “votamos” e não temos a materialização que permita a conferência do resultado.
Tal tese tem respaldo nas declarações do Governador de Tóquio:
O governador de Tóquio, Shintaro Ishihara, disse neste domingo que o Rio de Janeiro foi escolhido como cidade-sede dos Jogos Olímpicos de 2016 por "razões políticas obscuras", sem explicar ao que se referia.
"É evidente que a designação da cidade olímpica está ligada a um intenso movimento político que não é visível do exterior", afirmou Ishihara após o Comitê Olímpico Internacional (COI) ter escolhido na sexta-feira passada o Rio, que concorria com Tóquio, Chicago e Madri.
Mas a mídia fez o povo acreditar que foi pelo “entusiasmo” do povão. “Provaram” isto através da presença de um aglomerado de banhistas no bairro de Copacabana. Esperavam quase 100.000 mas não conseguiram nem a metade. Conseguiram juntar quase 30.000 usando os seguintes artifícios:
- Marcaram o encontro na praia, que com sol a pino, já garantiria uns 10.000 banhistas.
- Convidaram bons cantores para o palco montado na areia. Este fato deve ter atraído mais uns 18.000 adeptos.
- O Município e o Estado decretaram ponto facultativo. Pelo menos mais 1.500 funcionários devem ter aproveitado a oportunidade de desfrutar da praia.
- Os demais 500 presentes faziam parte da turma de vendedores ambulantes e pivetes de plantão.
Se tivessem promovido uma enquête no Largo da Carioca (e mais 5 ou 8 praças do Rio) com uma cabine eletrônica permitindo que os passantes escolhessem entre “aprovo” e “não aprovo” certamente teríamos um bom termômetro para medir o tal “entusiasmo”.
Com a citação constante de que “vencemos” (o que?), a enorme parcela sofrida da população (a que chama de “gênio” o inocente do “Big Besta Brasil” que pronuncia uma frase de 5 palavras) vai continuar se alimentando de “orgulho”, apesar do estômago solicitar vitaminas.
Com certeza o evento trará alguns ganhos para o país. Mas a lei da contabilidade é cruel. Para que uns ganhem, outros precisam perder. Como no mercado de ações. Na nossa ótica, podemos avaliar os ganhos e perdas em diversos segmentos no resumo abaixo.
Não esquecendo que 95% dos melhoramentos na cidade ficarão restritos ao “perímetro olímpico do Rio” (PORJ) que circunda os trajetos percorridos por atletas, fornecedores, jornalistas e autoridades do evento.
Bairros como Cascadura, Encantado, Olaria e adjacências continuarão com ruas esburacadas, sem asfalto, sem lâmpadas e sem policiamento.
A tal mídia alardeia que o Brasil vai ganhar muito. Com certeza uma grande parte do mundo vai descobrir que Buenos Aires não é nossa capital. Mas a miséria que habita 90% dos Estados do Norte e Nordeste tende a piorar, pois recursos financeiros serão desviados para custear as obras do evento esportivo.
O Estado do Rio também vai inchar suas favelas. Vários desempregados de outros Estados virão para cá em busca de trabalho.
Diversos políticos vão usar esta “euforia” como trampolim político já em 2010.
Nos próximos 7 anos várias categorias terão empregos garantidos e aumento de renda, tais como: motoristas, garçons, guias de turismo, vendedores de camisetas, flâmulas e bandeiras e outros não citados.
Claro que em 2017 mais de 50% serão dispensados (como acontece todo ano depois do Natal) apesar de estarem anunciando que até 2027(?) serão criados 2 milhões de postos de trabalho por conta desta olimpíada.
Mas esta quantidade deveria ser criada a cada 5 anos independente de abrigarmos ou não competições esportivas!
Nossos valorosos e dedicados atletas finalmente contarão com patrocinadores para a preparação física e técnica.
As linhas de transporte de massa realmente poderão ser chamadas de legado, assim como novos hotéis e vias urbanas.
Praças serão recuperadas. Monumentos serão lavados, pintados e lustrados. Bueiros serão desentupidos. Mendigos serão deslocados para fora do PORJ. Será que desta vez resolverão as enchentes da Praça da Bandeira que já completam mais de 60 anos?
A área do cais do porto finalmente será modernizada (permitindo que pelo menos cinco hotéis flutuantes atraquem em 2016) para deleite nos estrangeiros que aterrissarem no aeroporto do Galeão.
A Baía da Guanabara deve sofrer uma limpeza (prometida há 30 anos) do lodo. Duro vai ser eliminar o cheiro oriundo dos esgotos abertos das favelas na periferia e dos óleos despejados de navios que não respeitam as normas.
O efetivo da PM deverá crescer em pelo menos 40%. Mas terão equipamentos e salários condizentes? As viaturas policiais abandonadas nos pátios serão recuperadas?
Durante dois meses pelo menos deverá ocorrer um “acordo” com traficantes (como em 1992 e 2007) para executarem suas incursões criminosas apenas fora do PORJ. Devem trazer as forças armadas do Exército (ainda que combalido) para garantir tal situação. Neste período, os criminosos das armas de fogo ampliarão suas ações nas localidades próximas: Friburgo, Marica, Petrópolis, Cabo Frio e outros recantos bucólicos.
Os criminosos das canetas letais continuarão à nossa volta sorrindo para as câmeras e dizendo que tudo farão pelo sucesso do evento (e de seus bolsos, é claro).
Pelo menos 5 favelas da zona Sul (que podem ser vistas do Pão de Açúcar e Corcovado) receberão melhoramentos para atender os justos anseios das comunidades. Mas as demais 700 favelas continuarão sofrendo com os problemas de saneamento e risco de desabamento de barracos.
O valor inicial do investimento está previsto em R$ 28 BI. Mas deve chegar a R$ 40 BI. E a diferença nós sabemos para quais bolsos irão: empreiteiros que vão usar material de custo Y e cobrarão 2Y; administradores que assinarão os contratos das licitações “transparentes”; fiscais que fecharão os olhos às deficiências existentes.
Basta lembrar que a vila do Pan2007 ainda não pode ser habitada por quem adquiriu os apartamentos. E do muro que desabou no estádio do “Engenhão” e não matou pessoas por sorte. Fora outras instalações abandonadas.
Mesmo assim, se faltar dinheiro para a farra esportiva, basta que aumentem os impostos sobre nossa poupança!
Podemos solicitar ao COI a inclusão de nova modalidade: “assalto orçamentário”.
Para finalizar: muitas áreas sociais dentro do PORJ sofrerão melhoramentos (principalmente de alvenaria para ilustrar fotos) para funcionarem adequadamente (pelo menos entre 2014 e 2017).
Tudo acima são considerações previsíveis. Nossa única certeza é que a educação e a saúde continuarão deficientes, para que o povo continue alienado e anestesiado, para que os ratos de gabinete continuem sugando nossa dignidade e enchendo suas contas bancárias.
As olimpíadas mundiais ocorrem a cada 4 anos num ponto do planeta.
Aqui, as olim...piadas acontecem diariamente. E nós somos os atletas que executam as mais perigosas atividades dentro deste “circo”. Nossa única medalha é o direito de continuar respirando (ainda sem impostos).
*Haroldo P. Barboza, morador de Viloa Isavel, é professor de  Matemática (infantil) / Informática (adulto) e autor do livro: Brinque e cresça feliz.

sábado, 22 de agosto de 2009

A pesquisa do Blog, o potencial de Cristóvan Buarque e a postura do PDT

O resultado da primeira pesquisa presidencial do blog PORFÍRIO LIVRE surpreendeu com o aparecimento do nome do senador Cristóvan Buarque em primeiro lugar, com 23% das indicações.

o resultado da primeira pesquisa impõe uma rápida análise, que espero partilhar com você.
A meu ver, os 30 votos em Cristóvan Buarque resultam de alguns fatores:
1. Sua corajosa e cristalina atuação nessa crise imunda que está decretando a falência do Senado como instituição republicana.
2. O desejo de uma boa parcela do eleitorado de opinião de ter uma alternativa à bipolarização fabricada. No seu caso, trata-se de um professor de consistente experiência tanto no âmbito da Educação – como reitor e ministro – como na gestão governamental, como governador do Distrito Federal e Senador.
3. A necessidade histórica de sustentar um programa de governo baseado na educação pública de qualidade, sem dúvida o maior investimento que se pode fazer em um país de tanto potencial como o nosso.
LEIA MATÉRIA NA ÍNTEGRA EM http://www.porfiriolivre.com/

Sobre a a baixa participação na passeata do "Fora Sarney"

Murillo Cruz*

Eu gostaria de emitir alguns comentários sobre a sua impressão de 'fiasco' da manifestação 'Fora Sarney'.
Eu estou certo de que vc já alcançou os 60 anos; e eu estou igualmente bem próximo deste marco.
Uma outra segunda questão que creio nos aproxima: somos lutadores (incansáveis e honestos), no campo da política, há muitas décadas, e de décadas com características bem diferentes das 'recentes'. E a minha (e a sua) experiencia deveria ser suficiente para nao se surpreender.
Ser surpreendido por fenômenos socioeconômicos é sintoma de ausência de análise completa. É por esta razão que eu não me surpreendi nem um pouco com a diminuta participação - 'na rua' - deste protesto.
Eu ficaria provavelmente surpreendido se existissem milhares neste 'protesto' (estrábico - ver abaixo). E aqui então é que eu gostaria de convidar-lhe a uma reflexão: eu particularmente não concordei com o mote desta manifestação, e conheço muitas pessoas que igualmente não concordam.
Talvez eu possa ser tachado de radical, quica nazi-fascista, etc. (aliás, ao longo de minha longa militância eu já fui identificado com quase todos os ismos possíveis !) ... mas o fato incontestável é que a limpeza daquele antro de delinquentes - senado, câmara, e outras casas de tolerância semelhantes - não passa pela retirada - pura e simples - de apenas um dos delinquentes.
Aliás, sempre foi esta a estratégia dos democratas ... 'alguma coisa tem que mudar, para que tudo continue igual' ... O delinquente sarney acabou acertando quando afirmou: 'Mas por que somente eu? ... Todos aqui são responsáveis por estes atos e procedimentos' !! E esta e' a pura verdade.
Vou portanto oferecer a minha opinião (e de milhares de brazileiros*): Não basta um Fora Sarney! Este delinquente deve ser fuzilado em praça pública, juntamente com outros delinquentes da mesma espécie. E se não for possível ser fuzilado, pelo menos preso por alguns anos deveria ser (aliás, há muito tempo!!). Eu estou absolutamente convicto de que a opinião acima é de milhares de pessoas. Eu pelo menos conheço centenas que pensam assim.
Lula megalômano
Agora eu gostaria de unir as modestas opiniões acima com a sua coluna de hoje ... Vc bem acerta quando tenta sair do 'campo político' stricto sensu na análise do lula, para incluir reflexões psicológicas. E por que eu digo isto? Porque ao longo de décadas eu tentei analisar a sociedade brazileira* usando categorias bem nanicas vindas da sociologia, da política e da economia.
Como atualmente eu leciono (também) no instituto de psicologia, e estudo bastante tais fenômenos, acabei convicto de que os 'problemas brazileiros' não são 'sociológicos', nao são 'jurídicos', e nem 'econômicos': os principais 'problemas brazileiros' são 'psicológicos'.
O brazileiro médio-típico é um retardado mental (cientificamente designado, e não pejorativamente considerado). O brazileiro médio-padrão certamente é a única degeneração racial que permite o funcionamento de um heliponto (um heliporto) no CENTRO de um parque de diversões (no Rio de Janeiro - Lagoa), onde transitam centenas de crianças, etc.; onde as toalhas de certos bares - que ficam a poucos metros - são presas por ferros porque 'voam' todas as vezes que os helicópteros levantam vôo e/ou chegam.
O brazileiro padrão e' a única 'subespécie' (do sapiens) que permitiu um confisco generalizado de suas moedas/riquezas, SEM QUE QUALQUER RESPONSÁVEL POR ESTE CRIME TENHA SIDO PENALIZADO. Não ha registro na Historia de semelhante debilidade (em tempos de paz).
O brazileiro médio é a única subespécie que permite que um estuprador e assassino seja elleito - democraticamente (sic) - presidente, que depois seja 'impichado' (deveria de fato ser linchado) por corrupção, e depois vire senador e presidente de uma comissão de m... qualquer daquele p... que se chama senado.
Eu não ficaria nem um pouco surpreendido se este assassino e estuprador fosse atualmente o presidente da comissão de ética daquela espelunca. Não existem exemplos igualmente na História de tamanha barbaridade, debilidade e retardamento social.
Bem, nao vou listar todos os exemplos, pois a minha lista e' infindável e vc mesmo deve possuir uma outra lista kafkiana ... Tudo isto eu afirmei acima, somente para lhe dizer que, mesmo sabendo disto tudo, a minha tarefa - e creio que a sua também, pois o que vc faz diuturnamente e' igualmente tarefas de 'professor', e' continuar em linha reta, sem perder o norte jamais.
E ademais, a sua ou a minha participação nas ruas é secundária, pois processos sociais são plurais e não individuais. Eu, por exemplo, não fui à manifestação por vários motivos (embora a tenha divulgado para as minhas listas); se eu tivesse ido, eu iria ficar 'de longe', analisando, refletindo, etc., ... para onde esta indo a nova geração ... pois são as novas gerações que têm o bastão nas mãos ...
grande abraço
p.s.1: estou escrevendo de um computador anglófilo.!! portanto sem acentos
p.s.2: escrevo sempre brazil, etc com z por questões obvias; quando o brazil deixar de ser uma colônia (e de quinta categoria) eu certamente escreverei brazil com S.
*Murillo Cruz é professor  concursado (Teoria Macroeconômica) (1977) do Instituto de Economia (IE-UFRJ); atualmente leciona no Instituto de Economia e no Instituto de Psicologia da UFRJ.
http://murillocruzfilho.blogspot.com/

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Lula cumpre apenas o script saído de um certo acordo de cavalheiros

Preferia achar que o ex-operário endoidou pelo inusitado de sua reluzente assunção ao trono.Qualquer médico residente do Pinel sabe dos efeitos alucinógenos que o poder opera sobre quem viveu uma infância miserável, de humilhações e traumas, abandonado pelo pai junto com a mãe analfabeta e uma penca de irmãos, quando o imponderável lhe põe às mãos o cetro do domínio sobre todos os pais e filhos, ricos e pobres, letrados e analfabetos. Leia íntegra da matéria em PORFÍRIO LIVRE

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

No limiar da quinta catástrofe do Asimov

Paulo Cesar Rodrigues Borges
Pensei em escrever para reprovar essa apatia de um público de certo nível de instrução, como os "incluídos digitalmente", mas pensei bem e acho que mesmo estando no RJ, poderia ser um dos que ficaria contigo "de coração", mas não se mobilizaria para chegar às vias de fato, portanto, seria um hipócrita, um "fariseu". Por que acho que não me mobilizaria? Você foi ao ponto. Por que estamos desanimados. Sinto-me assim, como um búfalo velho, na savana, a ser devorado lentamente pelas hienas; moribundo, sentindo as dentadas atrozes dos carnívoros insaciáveis por sangue, a dilacerar a minha carcaça, sem reagir, sem receber a solidariedade dos outros búfalos que ainda podem escapar dos ataques e que, apesar de condoídos com a tragédia de um seu igual, vêem no banquete dos carnívoros a eventual oportunidade para durar um pouco mais. Mas a metáfora que usei acima perde o seu efeito no caso, porque é da natureza das hienas, em matilha, tomarem sangue e não leite. É da natureza do búfalo velho afastar-se da manada para poupar os seus semelhantes. A metáfora falha porque, como seres minimamente éticos, não deveríamos aceitar que nossos iguais em humanidade exercitassem o poder de forma contrária a princípios que acabarão por ameaçar o futuro da espécie. Isaac Asimov, físico e escritor de ficção científica, em seu livro ESCOLHA A CATÁSTROFE, descreve o que chama de "catástrofe do 5º grau", numa escala que vai de 1 a 5 (1, para um cataclismo de proporções cósmicas, até 5, para a de natureza endógena, uma mutação corruptora de hábitos e costumes da espécie humana, que nos levaria à extinção). Ao saber da sua tristeza em avaliar os poucos que lêem a sua coluna, por ela apelar ao raciocínio, ao tradicional modo de construir o saber, pela leitura e pela escrita, não lhe trago boas notícias, pois como professor universitário de um curso de engenharia, quando pedi aos alunos do última ano para escreverem apenas 15 linhas sobre o que achavam da importância de se estudar ética no seu curso, recebi deles caras feias, de desânimo, de má-vontade, ao ponto de uns chegarem a propor uma redução das linhas pela metade (cerca de 7). Não querem escrever. Ler, então, é para eles um sacrifício insuportável. Será que estamos no limiar da quinta catástrofe do Asimov, Pedro?
Paulo César Rodrigues Borges
Engº Cartógrafo pelo IME e Dr. em Ciência da Informação pela UnB E-mail alternativo:

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

O combate aos políticos corruptos passa pelo questionamento do voto eletrônico às cegas

Estudantes que não foram cooptados voltaram ao Senado para exigir a saída de Sarney. Mas eles é que foram presos. “A fraude dos mesários consiste em se aproveitar a ausência de fiscais para inserir votos nas urnas-E em nome de eleitores que ainda não compareceram para votar”. Amílcar Brunazo Filho, maior especialista no combate às fraudes das urnas eletrônicas. Não estou nada surpreso com esse cessar fogo no tapetão azul do Senado desta república gaiata. Nem eu, nem você, provavelmente. Não faz muito, a Câmara Federal ganhou o benefício da penumbra e manteve suas trapaças no “sapatinho”. Na Justiça, você sabe, depois daquele arranca-rabo entre Gilmar e Joaquim, desceu a cortina da mais insípida calmaria. A espetacularização da traquinagem vai sobrar para todos lá da corte. Excetuando-se uma meia dúzia de três ou quatro, estão todos enfiados na libidinagem política de corpo e alma. Mais de corpo do que de alma. Mas como são “multiflexes”, qualquer combustível lhes sacia os apetites vorazes. Já tentaram mudar de assunto com a gripe suína, mas não deu. Agora, dona Globo e o Estadão voltaram à carga contra a Igreja Universal. Não pelos seus perigosos poderes de persuasão, mas pelo sucesso da Record, que já está cabeça com cabeça com o antigo império de comunicação. Mas não será a única cortina de fumaça. O sistema faz do povo gato e sapato. Pauta sua indignação pela formulação manipulada dos elementos de conflito. Faz com que descarreguemos nossa bílis sobre dois ou três vilões. A gente cai dentro como se fossemos livrar o Brasil de todos os seus malefícios. Neste sábado, estaremos em todo o país no grito do “Fora Sarney” , esperando que esse grito alcance todos os corruptos do Congresso. E vizinhanças. Por cima da carne seca No entanto, o sistema conta com a dispersão no dia seguinte. Sarney continuará por cima da carne seca porque comanda a pior súcia que já pisou o tapete azul. Lula morre de medo de que algo lhe aconteça. Ainda sofre do trauma da derrota da CPMF, quando não logrou o número necessário, apesar de contar então com votos contrariados de alguns aliados, como senadores do PDT. Sarney conhece os meandros da política de cor e salteado. Aprendeu na ditadura, a que serviu com menção honrosa, a jogar com as fraquezas dos adversários. Coleciona robustos dossiês. Não existe um único dos seus colegas de que não possua um achado comprometedor. Portanto, todo aquele bate boca histriônico está chegando ao fim. No Senado, ninguém é maluco de levar esse jogo de cena às últimas conseqüências. Como eu disse outro dia, nem o mais palatável dos senadores lembrou-se de questionar essa monstruosidade que é o eleitor votar em um e levar mais dois de quebra, que ele nunca viu mais gordo. O suplente do ACM é o filho. O do Lobão, idem. E cada um que senta no banco dos reservas está lá não por qualificação política. Mas por credenciais só cabíveis quando o mandato é ganho por baixo do pano. O Senado é o que é de cabo a rabo. Seu irmão do lado não é diferente. Só não tem suplente sem voto. Mas, sabe quanto custa hoje uma eleição de deputado federal? Assustam-me com os números milionários. Nem que vivessem 100 anos, a maioria dos políticos ganharia o gasto numa campanha. Pior de tudo e a urna eletrônica Isso não é tudo, porem. Você notou que ninguém fala dessas intocáveis urnas eletrônicas, concebidas sob a mesma égide dos atos secretos do Senado? Isso é que é brabo. No tempo do meu pai, lá no Ceará, o “coronel” dava o envelope fechado para o peão botar na urna. Um dia, como contou Sebastião Nery em seu precioso folclore político, o eleitor foi perguntar em quem tinha votado. O patrão respondeu na bucha: - O que é isso, rapaz, o voto é secreto. Nada como um dia depois do outro. A tecnologia e os nossos preclaros ministros da Justiça Eleitoral fincaram pé e não adianta espernear. O voto hoje é tão secreto como nos tempo do meu pai. Você vota, vê até um retratinho, mas não tem como saber para onde foi o voto. Sabe por que? No Brasil, ao contrário da Venezuela de Chávez que essa mídia chama de ditadura, o cidadão não tem como checar o seu voto, porque ele não é impresso. Em janeiro de 2002, o então senador Roberto Requião, inspirado pela cruzada de Brizola, ainda conseguiu aprovar a Lei 10.408, que estabelecia a impressão do voto para eventual recontagem. Tão logo assumiu, Lula mandou revogar esse instrumento de controle, valendo-se de um projeto do senador tucano Eduardo Azeredo. (Nessas horas, eles se entendem muito bem). Protocolado em maio de 2003, o projeto revogatório foi aprovado pelo Congresso na tarde de 1 de outubro de 2003. À noite, Lula sancionou o que seria a Lei 10.740. As fraudes da modernidade eleitoral A urna eletrônica caiu como uma luva também para o voto digitado pelos próprios mesários, principalmente nas periferias da cidade. É um golpe surrado e conhecido, responsável pela eleição de deputados e vereadores, principalmente. A partir de certa hora, como muitos eleitores desistem de exercer seu direito porque sabe que a multa é mínima, os mesários votam por eles. Para não haver erro, assinam mais ou menos entre uma linha e outra. Qualquer coisa, dá-se um jeito. A maneira mais eficiente de impedir esse voto “biônico” e a adoção da urna biométrica, como existe na Venezuela desde 2004. Por esse sistema, para votar, o eleitor tem de colocar suas digitais na urna. No Brasil, essa providência está sendo testada num ritmo em que, provavelmente nos próximos pleitos só alguns municípios contarão com esse inibidor de fraudes. Sobre esse procedimento, responsável pela eleição de um numero surpreendente de deputados e vereadores ( e até majoritários – há quem diga que foi aí que o Gabeira perdeu a eleição para prefeito do Rio) o engenheiro Amílcar Brunazo Filho, a maior autoridade em urnas eletrônicas do Brasil, já detectou a possibilidade de novo tipo de burla com a utilização da mesma máquina para identificar o eleitor e receber seu voto. “Na Venezuela, por exemplo, onde se adota a identificação biométrica do eleitor desde 2004, esta identificação é feita em máquinas próprias desconectadas das máquinas de votar (uma máquina de identificar pode atender a demanda de até 20 máquinas de votar)”. O que eu quero lembrar é que essa fartura de políticos corruptos tem muito a ver com o sistema eleitoral brasileiro, tão suspeito que, para disputar a eleição e vencer no Paraguai, a oposição exigiu a devolução das urnas oferecidas pelo TSE do Brasil. Essa medida profilática foi considerada uma das razões da derrota do candidato oficial. Portanto, por hoje, fica a advertência: a menos que acabemos com o atual sistema de voto eletrônico às cegas, sem controle e sem auditagem, que Sarney e seus colegas peraltas podem até sair de cena. Mas o esquema está montado: no lugar deles, surgirão outros da mesma laia e até mais vorazes e menos escrupulosos. A luta contra a corrupção passa pelo questionamento dessas urnas secretas. coluna@pedroporfirio.com

domingo, 9 de agosto de 2009

O golpe nos trabalhadores que não está no “Caminho das Indias”

Misterioso indiano serviu de “laranja” para a GE não pagar obrigações trabalhistas no Rio Não adiantou nada ter levado os diretores do Sindicato dos Metalúrgicos ao ministro do Trabalho. A fábrica da GE em Maria da Graça está fechando sem pagar compromissos trabalhistas.
"O sindicato vai estudar quem colocará na justiça: a "laranja" ELP(Grupo Indiano), a GE, ou as duas. Portanto, agora podemos admitir que a General Electric, deu mesmo um golpe criminoso em seus funcionários".
Tarcísio da Cruz Leal, operário da GE há vinte anos.
No amanhecer desta segunda-feira, dia 10 de agosto, cerca de 500 trabalhadores da General Eletric de Maria da Graça, ali ao lado do Jacarezinho, estarão se concentrando em frente ao prédio da GE/Celma, em Petrópolis para exigir o respeito aos seus direitos trabalhistas, burlados pela gigante norte-americana de forma recambolesca, bem ao estilo dos piores gângsteres do seu país. Ao se deslocarem com todo o sacrifício que isso representa, os trabalhadores, liderados pelo Sindicato dos Metalúrgicos, vão querer decifrar o enigma que nem o governo do Estado conseguiu: como garantir o pagamento das verbas rescisórias, já que, a esta altura, nutrem pouquíssimas esperanças de manter seus empregos, numa novela que mostrou mais uma vez, infelizmente, o pouco caso do governo do sr. Luiz Inácio, através de u m Ministério do Trabalho impotente e convertido numa agência de repasse de dinheiro, através do FAT. A essa novela teve seus primeiros capítulos em 2007, quando a matriz norte-americana anunciou o fechamento de 5 plantas industriais no exterior, entre as quais a de Maria da Graça, que já operava com carga mínima, dedicada exclusivamente à fabricação de lâmpadas. Naquele ano, tinha menos de 900 empregados, em contraste com seu tempo áureo, na década de 70, em que empregava 7 mil metalúrgicos. Naquele então, no exercício do mandato de vereador, levei a diretoria do Sindicato dos Metalúrgicos ao ministro Carlos Lupi. A GE havia decidido fechar a fábrica que funcionava há 90 anos no Brasil para importar lâmpadas da China, que lhe parecia mais vantajosa, como aliás, têm sido esses estranhos negócios da China, um país dirigido por um partido comunista, cujo maior trunfo é a oferta de mão de obra operária a preço de banana. Lupi, acreditando na liturgia do cargo, pegou o telefone e ligou para a própria fábrica. O mais que conseguiu foi ser atendido pela diretoria de Recursos Humanos, que não estava habilitada a informar mais além da nota divulgada pela matriz, em Fairfield, Connecticut. À época, circulavam informações de que um grupo brasileiro havia manifestado interesse em da continuidade às atividades da indústria, que ocupa um dos maiores parques fabris do Brasil. Não obstante, com o Ministério do Trabalho totalmente à margem, a própria GE negociou com o que seria uma metalúrgica da Índia, para quem passou as instalações e as responsabilidades com os empregados. Decorrido pouco mais de um ano dessa transação, os trabalhadores ficaram sabendo que as máquinas iam parar. Com o agravante patético, que não teria acontecido se o Ministério do Trabalho tivesse cumprido suas obrigações: o tal grupo indiano – ELP – entrou na história como uma espécie de laranja. Eximiu-se dos compromissos trabalhistas e ainda teria dado um cano de R$ 17 milhões na companhia norte-americana. Com sua “evaporação” e a paralisação das atividades da fábrica, os trabalhadores ficaram a ver navios. Ao Sindicato dos Metalúrgicos só restou bater ás portas do governo do Estado, que havia chancelado a “transferência do controle” da fábrica de lâmpadas. Ambos – sindicato e governo estadual – se deram conta do logro e correram atrás dos antigos patrões, a GE. Após uma tensa reunião, o sr. Jaime Saion, da Secretaria Estadual de Desenvolvimento Econômico, entrou em contato com o presidente da GE no Brasil. Este, na maior cara de pau, alegou que o grupo norte-americano não tinha mais nada a ver com o parque industrial da Maria da Graça. Disse que ele também estava atrás do misterioso indiano da ELP ( que não saiu da novela de Glória Perez) para cobrar uma dívida de R$ 17 milhões. O representante do governo do Estado repassou o problema para o sindicato, que terá de bater às portas da Justiça, enquanto os 500 trabalhadores restantes estão sem receber um níquel e não sabem sequer para quem apelar. É uma situação inteiramente inédita, que atinge os trabalhadores no governo que se fez com o discurso obreirista, mas que virou a casaca e ainda imobilizou pela cooptação quem poderia estar oferecendo suas energias e sua experiência às vítimas desse verdadeiro golpe. E a todos os trabalhadores que começam a ser habituados á idéia de que chupar o dedo é preciso, pois afinal o homem lá de cima também já pegou no batente e já comeu esse mesmo pão que o diabo amassou. É um golpe tão bem orquestrado que ainda não apareceu nas páginas dos jornais. A não ser numa pequena nota na coluna de Ancelmo Goes, do GLOBO deste domingo. Golpe que mantém rigorosamente omissos as autoridades do Trabalho em todos os níveis - do Ministério, á secretaria Municipal do Rio de Janeiro, ambos, aliás, em entregues ao PDT, a quem cumpriria fazer o que João Goulart fazia em situações como essa. coluna@pedroporfirio.com

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

A propósito da nota da OAB, pedindo a renúncia coletiva de todos os senadores

"O chefe, o comandante, é o presidente Lula. Ele foi o responsável. Se não tivesse o presidente Lula, o Sarney não seria candidato (à presidência do Senado), e o Sarney teria ido para casa". Senador Pedro Simon

Presidente nacional da OAB, o advogado Cezar Brito quer uma atitude decente de todos os senadores

Com a responsabilidade de quem tem uma participação ativa nos momentos mais graves de nossa história, a Ordem dos Advogados do Brasil tornou pública a sua posição pela RENÚNCIA COLETIVA de todos os senadores. O documento, fundamentado por algumas das razões que me levaram a pedir a extinção dessa casa legislativa redundante, onerosa, desnecessária e nociva, diz com todas as letras: “A crise não se resume ao presidente da casa, embora o ponha em destaque. Mas é de toda a instituição - e envolve acusados e acusadores. Dissemina-se como metástase junto às bancadas, quer na constatação de que os múltiplos delitos, diariamente denunciados pela imprensa, configuram prática habitual de quase todos; quer na presença maciça de senadores sem voto (os suplentes), a exercer representação sem legitimidade; quer na constatação de que não se busca correção ética dos desvios, mas oportunidade política de desforra e de capitalização da indignação pública”. Como se vê, não estamos exagerando na dose. A OAB não toca na questão estrutural, existência de duas casas legislativas com funções semelhantes, mas o simples fato de pedir a renúncia de todos os senadores, sem exceção, oferece um diagnóstico conjuntural de grande alcance. Senadores sem brio e sem convicções É claro que esse apelo não será considerado nem pelos trapaceiros mais conhecidos. Quando um meliante como Renan Calheiros voltou ao controle do Senado depois de ter renunciado à Presidência em função de uma penca de denúncias irrefutáveis, é porque a casa está inapelavelmente decadente. É curioso observar que muitos desses senadores, detentores de mandatos em dobro, morrem de medo do sr. Luiz Inácio. É o caso do senador Eduardo Matarrazo Suplicy, que faz o gênero de bom moço, mas que amarela sempre nessas horas. Não entendo igualmente as omissões dos senadores Paulo Paim e Marina Silva. Esta, inclusive, começou a falar na possibilidade de trocar o PT pelo PV com a perspectiva de ser candidata à Presidência da República. Ou será que está apenas barganhando maior carinho do Palácio do Planalto? Para agravar, o decrépito presidente do Conselho de Ética (?),Paulo Duque, entrou na chicana, deliberando tornar secreto seu parecer que arquivou as representações pendentes para a abertura de processos contra o prior José Ribamar Sarney. Quem quiser conhecer oficialmente seu despacho, deverá esperar publicação no Diário do Senado: é mole ou quer mais? Segundo suplente sem um único voto e sem qualquer atuação anterior – ele assumiu o mandato com a eleição de Sérgio Cabral para governador em 2006 – esse velho “chaguista” é a marca de um Senado que se tornou senil e não justifica um níquel dos quase dois bilhões e setecentos milhões de reais que consome anualmente. Agindo como gigolô da crise Isso tudo está acontecendo, infelizmente, devido ao baixo nível e a qualidade medíocre de nossos parlamentares. Sem o mínimo de preparo e envergadura moral, vivem sob o domínio do Poder Executivo, certos de que vão precisar da máquina na hora em que vão disputar a reeleição. Daí terem razão os senadores Pedro Simon e Álvaro Dias sobre o envolvimento indevido de Lula em toda essa crise, da qual pretende tirar proveito, como é do seu feitio. Além do que disse Simon, vale registrar a declaração do tucano paranaense, que nesse caso está cheio de razão: "Há conexões entre as ações daqui e do Palácio do Planalto. Há participação ativa do governo nisso tudo. A questão eleitoral teve peso, a conquista pelo PMDB, a tentativa de mantê-lo com Dilma. Ele interferiu sempre, desde a eleição até mantê-lo na presidência na crise". Mais do que isso, a interferência de Lula, agindo como o dono do PT, que desfigurou inclusive na imposição do nome de Dilma, sem as costumeiras prévias, tem alvos mais graves. Além de desconstruir a CPI da Petrobrás, que esse Senado por si já não tinha condição nenhuma de investigar, o sr. Luiz Inácio investe na inviabilização do processo sucessório e no turvamento do ambiente político, com as piores intenções imagináveis. Na prática, ele está destruindo seu próprio partido e os aliados do “campo popular”, pelo descrédito disseminado. O PT se fez principalmente devido ao voto de opinião, mais influente nas eleições majoritárias (presidente, governadores e senadores). Neste momento, é cada vez maior o cordão de petistas envergonhados ou arrependidos. Cada vez mais difícil imaginar uma campanha dos seus próceres locais, subordinados ao que há de pior na vida pública brasileira. Difícil é saber aonde Lula quer chegar Essa conversa de que a “base aliada” deve abrir mão de tudo em favor da candidatura presidencial só ilude os mais ingênuos. Dilma Rousseff jamais disputou uma eleição. É antipática e, na verdade, extremamente vulnerável. Será muito desconfortável, por exemplo, que o PDT se incorpore de cara limpa à sua campanha. Além da postura entreguista que teve no Ministério de Minas e Energia, quando deu sequência aos leilões das jazidas petrolíferas, ela carrega o carma da traição a Brizola. Não era ninguém antes das oportunidades que teve no governo pedetista de Alceu Colares. Feita secretária pela segunda vez no governo petista por indicação do PDT, virou-lhe as costas quando o partido decidiu romper com o governador Olívio Dutra. Com outros arrivistas, inclusive o próprio filho de Brizola, João Vicente, trocou a legenda pela sinecura e ainda se filiou ao PT. Lula, que tem seus monitores de laboratório, não faz nada por acaso, apesar dos destemperos ocasionais. O que passa de fato por sua cabeça nem a própria Dilma sabe. A única coisa que parece evidente foi o gosto que pegou pelo poder. Um gosto que não tem limites. A Nota da OAB sobre o Senado Para o seu conhecimento, é o seguinte o teor da nota assinada pelo presidente nacional da OAB, em nome do seu Conselho Federal: "O Senado está em estado de calamidade institucional. A quebra de decoro parlamentar, protagonizada pelas lideranças dos principais partidos, com acusações recíprocas de espantosa gravidade e em baixo calão, configura quadro intolerável, que constrange e envergonha a nação. A democracia desmoraliza-se e corre risco. A crise não se resume ao presidente da casa, embora o ponha em destaque. Mas é de toda a instituição - e envolve acusados e acusadores. Dissemina-se como metástase junto às bancadas, quer na constatação de que os múltiplos delitos, diariamente denunciados pela imprensa, configuram prática habitual de quase todos; quer na presença maciça de senadores sem voto (os suplentes), a exercer representação sem legitimidade; quer na constatação de que não se busca correção ética dos desvios, mas oportunidade política de desforra e de capitalização da indignação pública. Não pode haver maior paradoxo - intolerável paradoxo - que senadores sem voto integrando o Conselho de Ética, com a missão de julgar colegas. Se a suplência sem votos já é, em si, indecorosa, torna-se absurda quando a ela se atribui a missão de presidir um órgão da responsabilidade do Conselho de Ética. Em tal contexto, urge fornecer à cidadania instrumentos objetivos e democráticos de intervenção saneadora no processo político. A OAB encaminhou recentemente ao Congresso Nacional, no bojo de proposta de reforma política, sugestão para que o país adote o recall - instrumento de revogação de mandatos, aplicável pela sociedade a quem trair a delegação de que está investido. Trata-se de instrumento já testado em outras democracias, como a norte-americana, com resultados positivos. O voto pertence ao eleitor, não ao eleito, que é apenas seu delegado. Traindo-o, deve perder a delegação. Não havendo, porém, tal recurso na legislação brasileira, prosperam discursos oportunistas, como o que sugere a extinção do Senado. A OAB é literalmente contra a extinção do Senado. O Senado não pode ser confundido com os que mancham o seu nome. Precisa ser preservado, pois é o pilar do equilíbrio federativo. Diante, porém, do que assistimos, a sociedade já impôs à presente representação o recall moral. O ideal seria a renúncia dos senadores. Como não temos meios legais de impor esse ideal - único meio de sanear a instituição -, resta pleitear que se conceda algum espaço à reforma política, senão para salvar o atual Congresso, ao menos para garantir o futuro. CEZAR BRITTO PRESIDENTE DO CONSELHO FEDERAL DA ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL”

coluna@pedroporfirio.com

Apenas a bola da vez de um regime de estelionatários políticos

Tasso Jereissati: - “Não aponte esse dedo sujo pra cima de mim” Renan Calheiros: - Dedos sujos são os de vossa excelência. São os dedos sujos do jatinho que o Senado pagou. - Pelo menos o jato é meu, do meu dinheiro, não é dos seus empreiteiros. ....V. Excia é um coronel cangaceiro de terceira categoria. - E você é um coronel de merda!

Nesta quinta-feira, 6 de agosto de 2009, o Senado da República voltou a ser picadeiro de baixíssimo nível, assemelhando-se sem tirar nem por a um covil de bandidos dedicados à exposição da roupa suja no horário indevido. Antes de qualquer comentário, cumpre-me sugerir que tirem crianças de perto no caso de sintonizarem a Tv Senado. O deprimente tom das discussões é realmente impróprio para adolescentes e jovens, que podem ter a idéia do que uma Casa Legislativa é um antro de moleques boquirrotos e boçais. É realmente constrangedor dizer à meninada que aqueles colarinhos brancos de rabos presos são os mandatários incumbidos de produzir leis, fiscalizar o Poder Executivo e exercer a representação dos Estados. É dramático admitir que eles estão ali com a responsabilidade de consolidar o regime democrático, pelo o qual algumas gerações lutaram com o sacrifício de suas vidas e de suas carreiras profissionais. É patético aceitar que esse Legislativo teria por finalidade a maior responsabilidade na sustentação da democracia representativa. Com aqueles senadores, quase todos envolvidos em falcatruas e trapaças, os defensores das ditaduras não precisam dar um pio. O comportamento abjeto e suspeito dos detentores de mandatos estendidos de 8 anos, alguns sem a legitimidade de um voto sequer, oferecem o combustível necessário à explosão desse regime que não passa de uma grande farsa, uma fantasia envolta em falsos brilhantes. Sem chance de regeneração Neste momento, o pior que pode ocorrer ao cidadão brasileiro é imaginar que essa onerosa casa legislativa tenha salvação. Como eu escrevi ontem, o Senado brasileiro sofre de graves doenças congênitas. Nasceu sob o signo da impostura com o objetivo de garantir casa, comida e roupa lavada para uma meia dúzia de políticos egressos de governos locais ou caciques vorazes, aos quais se oferece um mandato em dobro com um custo só equiparado ao dos tribunais superiores: com mais de 10 mil funcionários à disposição e todo tipo de mordomia, cada senador representa um gasto per capita diário de R$ 91.000,00, que teria melhor uso nas deficitárias rubricas de educação e saúde. Esse parlamento desqualificado, em que pontifica um líder alijado da presidência como forma viciada de poupar-lhe o mandato - apesar de pilhado em todo tipo de trapaças - não vai se regenerar porque ele reflete o sistema manipulado pelas elites, onde a dominação de classe é sustentada pela alienação deliberada do povo e pelo cultivo de expectativas individuais, de ilusórias inspirações fratricidas. Esse altar da mediocridade, da boçalidade e da corrupção faz o gosto dos interesses econômicos apátridas, aos quais o presidente Luiz Inácio se rendeu e sob cuja tutela, como um mamulengo assumido, joga com sua imagem empática e sua abusiva capacidade de cooptação, inclusive para dar proteção à súcia que enlameia a chamada Casa Alta do Parlamento brasileiro. Não há como imaginar que o circo do Senado Federal exista à margem de um contexto permeado pela ascensão de estelionatários políticos, carreiristas e arrivistas sem qualquer compromisso com as instituições republicanas. Poderes nivelados por baixo Infelizmente, em função de um ambiente despolitizante, do vazio preenchido pela mistificação, o cinismo, a hipocrisia, a barganha, o suborno e a mentira, que não poupou nem os estudantes, o que foi lamentado inclusive em nota do Clube Militar, assinada por seu presidente, general Gilberto Figueiredo, nada de patriótico e ético pode se esperar de uma casa legislativa em nosso país. Vale reconhecer, no entanto, que a qualidade moral e política dos senadores não é diferente da registrada em todos os podres poderes. A sociedade cometeu o grave erro de deixar que a vida pública seja prerrogativa exclusiva de políticos profissionais inescrupulosos, que gastam fortunas em campanhas eleitorais e exercem mandatos com a preocupação de compensarem os “investimentos”, na caça a todo tipo de vantagens, ao som de uma balada macabra de consequências abismais. Enquanto os mandatários tratam de meter a mão no que encontrarem, o exercício da política econômica passou ao controle dos banqueiros, através do Banco Central e a feitura das leis foi transferida para o Judiciário, sob o império da hermenêutica. O processo eleitoral tornou-se um jogo sujo de cartas marcadas. Os partidos grandes têm mais espaços na propaganda gratuita e recebem mais dinheiro do fundo partidário, tornando heróica a campanha dos menores, como se no regime de direito existissem legendas de primeira, segunda e terceira classes. Como se o espectro partidário estivesse sujeito a hegemonias programadas, que conservam o PMDB, uma legenda sem compromissos, sem caráter, sem líderes nacionais e sem apelo como o maior partido do país, apesar da desmoralização pública assinalada. Urnas que facilitam a impostura As urnas passaram a ser verdadeiras caixas pretas, imunes a qualquer tentativa de conferência. Agora mesmo, o chefe dessa megafraude política, senhor dos anéis e da caneta, oferece ao sistema eleitoral suspeito a garantia de que vetará qualquer tentativa de estabelecer a impressão do voto para eventual conferência, fazendo os gostos das raposas que se perpetuam nos podres poderes sabe Deus como. É bom que se diga que a revogação da impressão do voto, resultante de uma Lei aprovada em 2002, foi uma das primeiras providências do Sr. Luiz Inácio tão logo assumiu a chefia do governo. Enquanto isso, a Justiça Eleitoral limita a algumas cidades o sistema de identificação biomédica (urnas com leitura digital), optando por uma solução cara, quando uma tecnologia barata garantiria a aplicação desse controle em todo o país já no próximo pleito, à semelhança do que acontece na Venezuela,. Por onde quer que se olhe o exercício da vida pública no Brasil é flagrante o processo de distorção que faz da nossa democracia um grande logro e produz essa laia de políticos corruptos, canalhas e inescrupulosos. O Senado que nós vemos, e que precisamos extinguir por desnecessário, oneroso, redundante e nocivo, é apenas a bola da vez nessa sequência indecente de afrontas à dignidade dos cidadãos brasileiros. Porque, em verdade vos digo: os poderes dessa falsa democracia estão tão degenerados que sempre haverá um escândalo para o consumo da mídia e o desencanto de um povo, instado deliberadamente a ficar de fora “para não se misturar com porcos”. coluna@pedroporfirio.com

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

A morte do Senado e o nosso grito parado no ar

No caricato "Conselho de Ética"O dia que o "senador biônico" livrou a cara de Sarney e levou o Senado à morte “A verdade se corrompe tanto com a mentira como com o silêncio” Marcus Túlio Cícero Filósofo, orador e político romano ( 106 A.C a 43 A.C) Não há mais dúvidas: o Senado morreu. Sem choro, nem vela essa onerosa hidra dos podres poderes deu seu último suspiro quando o simulacro de Conselho de Ética, encabeçado por um político carcomido, que lá chegou sem um voto sequer, desligou os aparelhos pelos quais ainda respirava, ao mandar para a lixeira no mesmo embrulho representações para abertura de processo contra o prior José Ribamar Ferreira de Araújo Costa e o que ainda restava de pudor naquele valhacouto. Só nos resta adotar as providências cabíveis para seu sepultamento em cova tão profunda que jamais possa ressurgir com suas cabeças degeneradas e destituídas de todo e qualquer recato. Haverá resistência ao enterro, mas se nós quisermos nada nos impedirá dessa tarefa saneadora. Sim, nós podemos livrar o país desse magote de sanguessugas insaciáveis. Nós podemos, sim, pelo exercício da cirurgia, da quimioterapia e da radioterapia. E da pá de cal. Valhacouto oneroso, redudante e nocivo O Senado Federal é uma redundância legislativa. Não é necessário. Ou melhor: é mais do que desnecessário, é nocivo pelos próprios vírus inerentes: mandatos de 8 anos, suplentes sem votos, cenáculo de intocáveis, práticas tão imorais que são blindadas pela ilegalidade dos atos secretos. O Senado Federal da República Federativa do Brasil não é uma casa republicana. É um amontoado de feudos onde a quase totalidade dos seus senhores pode se dar ao luxo de pintar e bordar de costas para a opinião pública, para a moral e os bons costumes. O Senado Federal é produto de cartas marcadas. Não é qualquer um que pode disputar uma de suas 81 cadeiras. Os partidos usam de um processo de exclusão tão explícito que só os velhos caciques e os ungidos por eles ganham legendas. Por esse gargalo, resta ao cidadão o mínimo de opção. Quase sempre é obrigado a escolher entre o diabo e o “coisa ruim”. E ainda é ludibriado quando pode votar em dois ao mesmo tempo, isso para evitar a disputa limpa, facilitando os conchavos inspirados nas mais abjetas conveniências. O Senado Federal é a única casa aonde se chega sem votos. Padece da síndrome do biônico dos tempos obscuros. Você escolhe um e habilita três. Dois você nem sabe quem é. Em geral, é elemento sem condições de submeter-se sequer a uma eleição de síndico do seu prédio. Veja o caso desse Paulo Duque, o provecto coveiro da casa onde chegou por descuido. Nos tempos sujos do chaguismo, ainda teve mandatos de deputado estadual. Com o desmoronamento desse reinado corrupto, sumiu da prateleira. Mas ficou à sombra, colando num e noutro. Até que ganhou a condição de segundo suplente do senador Sérgio Cabral. Este, eleito governador, levou para a Casa Civil o seu fiel escudeiro, Regis Fichter, primeiro suplente igualmente sem voto, abrindo a segunda janela para o fracassado político fruir do paraíso no limiar dos oitenta anos. Ninguém melhor do que ele para ser o emblema do Senado Federal da República Federativa do Brasil. Conduzido ao comando do Conselho de Ética com a missão específica de proteger os correligionários pegos com a mão na massa, declarou seu desprezo pela opinião pública, a que não se submeteu para ganhar o cargo “eletivo” e a cujo julgamento não se imagina exposto. Mandatos para proveito pessoal Há alguns senadores bem intencionados. Poucos, mas há. No entanto, nenhum deles, em tempo alguma, levantou a voz contra a fraude do suplente sem voto. Ao contrário, todos eles, sem exceção, carregam o contrapeso dos bastardos, escolhidos sabe o diabo por quais “negociações”. O Senado seria a casa moderadora, a representação dos Estados. Eufemismos baratos, mentiras assimiladas com carinho e afeto também pela mídia, que age pontualmente. Porque, ao contrário do que acontece em países como Alemanha, Áustria e Índia, para citar alguns, os senadores legislam, fazem tudo o que se atribui à Câmara dos Deputados e ainda têm outras prerrogativas, hipertrofiando seu poder de barganha, empanzinado pelo mandado estendido. Com essa duplicidade de casas legislativas, que só se dá a nível federal (ao contrário do que acontece nos Estados Unidos) o Parlamento reverbera a mais patética ambiguidade. Faz de tudo, menos legislar. Ou então produz leis cosméticas, destinadas ao anedotário institucional. O usual é a instrumentalização do mandato para proveito pessoal e sustentação de interesses espúrios, no assalto crônico aos silos do patrimônio publico. Pelo poder que acumulam, os parlamentares acabam titulares das estações de rádio e TV dos seus Estados, das prebendas de onde jorram cintilantes pepitas, do viciado tráfico de influências, muito mais poderoso do que o de drogas. A salvação do prior e o crepúsculo da casa O que aconteceu no Senado Federal, com as bênçãos do chefe do Executivo, mostrou que Sarney tem razão quando ele diz que não é o único a nos passar para trás. Como seu parceiro Renan Calheiros e seu endiabrado novo aliado Fernando Collor, cujo olhar fala por si, ele está ganhando a comenda do homem acima de qualquer suspeita. Seus pares vão assinar o “nada consta” com a sem cerimônia e o cinismo dos que se servem do regime representativo para levar o povo a sentir atração pelas ditaduras, onde haja pelo menos a sensação do combate à corrupção, à molecagem e à impunidade. Sarney vai sair incólume, apesar das mentiras e das trapaças em que se viciou de tal forma que é capaz de rir de nossa cara com uma certa dose de sadismo. Permanecerá o soberano intocável da festa caipira, animando a quadrilha com seu malabarismo sincronizado com o compadrio dos podres poderes. Mas se poderá preservar sua fortuna e manter a atenção especial aos familiares e similares, estará, ao mesmo tempo, nos oferecendo fermento para que, enfim, levantemos nossos traseiros das poltronas, desliguemos os verdugos eletrônicos e passemos da palavra à ação. Nós, os cidadãos honestos e trabalhadores, ainda somos a grande maioria. Maioria silenciosa, tudo bem. Mas que tem tudo para soltar esse grito de revolta que está parado no ar. Vamos dar a nossa resposta. Nós podemos e devemos fazer a nossa parte. coluna@pedroporfirio.com

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

NO JOGO DURO CONTRA A CORRUPÇÃO, UM VÍRUS ME IMOBILIZOU POR UMA SEMANA

O acesso a este cadastro havia sido bloqueado pelo vírus que atacou no fim da tarde de sexta-feira, 31 de julho
O programa do meu JORNAL ELETRÔNICO POR CORRESPONDÊNCIA foi atacado por um vírus às 16h50 do dia 31 de julho de 2009. Em consequência, fiquei impedido de enviar minhas colunas a 4859 destinatários até hoje, ao meio dia, quando o provedor concluiu o “restore” de todos os arquivos, pastas e banco de dados do “palanque livre”. Tenho uma suspeita sobre a origem desse ataque, mas vou preferir ficar observando. O vírus não se alojou no meu computador, mas no próprio provedor, eliminando as páginas de acesso aos cadastros de endereços e de matérias do JORNAL ELETRÔNICO POR CORRESPONDÊNCIA. Por pouco, não perdi toda essa memória. O ataque se deu no final da tarde de uma sexta-feira e o suporte da Locaweb só faz restauração de arquivos nos horários comerciais de segunda a sexta-feira. Além disso, para me certificar da origem do problema, tive que contatar o profissional que fez o programa, há 5 anos, na empresa em que trabalha, de segunda a sexta-feira. Acontece que a Locaweb só guarda os dados por 7 dias. Demorasse mais, nesta quinta-feira, já não teria mais como recuperar os dados acumulados. Curiosamente, o vírus só afetou o programa específico, onde faço o JORNAL ELETRÔNICO POR CORRESPONDÊNCIA. Site e blogs foram poupados. As mensagens enviadas diretamente para os meus endereços Porfírio@palanquelivre.com e coluna@pedroporfirio.com tiveram seus cursos normais. Foram recebidas e respondidas. Pedi a alguns parceiros que costumam repassar matérias que informassem do bloqueio. Quero desde já agradecer aos que me ajudaram na divulgação do ataque. Isso aconteceu depois que fiz uma consulta sobre a sugestão de vários amigos em relação à possibilidade de me candidatar a deputado federal. O número de respostas positivas me surpreendeu: em dois dias, já chegava a duzentos. Nunca qualquer outra consulta havia registrado número tão expressivo. Mas significativo ainda foi o teor das respostas. Registrei um elevado índice de esclarecimento político dos leitores e amigos. Embora muitos temas fossem sugeridos, a necessidade de um combate frontal à corrupção e aos desvios de conduta, como sempre faço nesta coluna e sempre fiz no exercício de cargos públicos, aparece de longe como a maior preocupação de todos. Sobre essas respostas, que ainda estão chegando, farei uma análise específica, até porque elas pesarão na minha decisão em relação a 2010. Espero continuar merecendo a sua atenção e agradeço pelo carinho e a atenção de todos. Pedro Porfírio

terça-feira, 4 de agosto de 2009

VÍRUS BLOQUEIA MEU JORNAL ELETRÔNICO DESDE O DIA 1 DE AGOSTO

Estou sem condições de mandar matéria para cerca de 5 mil destinatários e ainda posso perder todo o cadastro.
O bloqueio ao PAINEL que dá acesso ao meu cadastro é feito por um vírus que é detectado pelo meu antivirus, mas não pode ser removido, porque ele se encontra no provedor. Cada vez que tento abrir o programa, aparece essa tela, impedindo que dê o próximo passo, já que o menu com as opções de acesso não aparece.
Comunico que o cadastro do meu JORNAL ELETRÔNICO POR CORRESPONDÊNCIA foi atacado por um vírus às 16h50 do dia 31 de julho de 2009. Em consequência, até o presente momento, manhã do dia 4, meu acesso ao sistema de postagem pelo programa está bloqueado. Já entrei em conato com o profissional que criou o programa e com a LOCAWEB, que hospeda meu banco de dados. Até agora, nenhuma solução. Esse bloqueio não me impede de receber ou enviar e-mails fora do programa. Mas só nele tenho os cerca de 5 mil endereços que recebem minhas colunas. A solução apontada pelo técnico está no backup do banco de dados, com data anterior ao ataque. Fiz a solicitação à LOCAWEB, que só aceita comunicação através de um “helpdesk”. Pelo telefone, não atende a esse tipo de pedido. Ela guarda os dados de um cliente por 7 dias. Se até quinta-feira não fizer o “restore”, terei perdido todo o trabalho de mais de cinco anos. Em consequência, esta madrugada, enviei um desesperado recado à LOCAWEB, cujo teor transcrevo abaixo. Isso aconteceu depois de ter recebido um volume surpreendente de resposta à minha consulta sobre se devia ou não ser candidato a deputado federal. Essas respostas representaram mais do triplo de qualquer outra consulta já feita. Ainda não sei o que fazer se o cadastro hospedado na LOCAWEB não foi restaurado. Mas, desde já, peço que informe esse bloqueio às pessoas de sua lista. Veja o que escrevi à LOCAWEB às 5h18m neste dia 4 de agosto: Acrescentando: sou apenas um jornalista que hospedo meus sites e banco de dados (cadastro) há 6 anos na LOCAWEB, pagando rigorosamente em dia, sem um único atraso. É complicado ter restrito meu contato a esse suporte a esse sistema de recados, em que não posso ser orientado pessoalmente por um profissional da LOCAWEB. Minha atividade de transmitir a minha coluna está paralisada desde o dia 1.8.09 porque um vírus aparece quando tento abrir a página do banco de dados - http://www.palanquelivre.com/cpanel/default.asp - Creio que o backup deve ser feito a partir desse endereço. O virus aparece com a seguinte informação C:\users\Pedro Porfirio\AppData\Local\Microsoft\Windows\Temporarary Internet Files\Low\Content.IE5\6DCI9GBI\default[3]htm. Consultei o profissional que fez o programa e hospedou na LOCAWEB e ele disse que o backup deve ser feito para todo o palanquelivre.com Não entendi essa "tabela" de cobrança. Há 6 anos (ou mais) nunca recorri a esse serviço, o qual teria direito, pelo exposto, uma vez por mês. Agora, enquanto nós vemos passar o tempo, a LOCAWEB me surpreende com essas informações e posterga a solução. Pelo que fiquei sabendo, os dados são guardados por 7 dias. Se hoje não houver uma providência de parte da LOCAWEB, estarei iniciando a contagem regressiva para a perda de um cadastro de quase CINCO MIL ENDEREÇOS, além das matérias guardadas. Isso representa a DESTRIUIÇÃO DE SEIS ANOS DE TRABALHO. ISSO ME CAUSARÁ DANOS IRREPARÁVEIS. Nesse caso, quem será responsabilizado? Se as informações acima não forem suficientes, creio que só pelo contato telefônico poderei entender melhor o que devo informar. Neste instante, são cinco horas da manhã. Porque não consigo dormir enquanto o problema persiste. Esclareço que tenho 66 ANOS DE IDADE. A produção e envio das minhas colunas é a única atividade jornalística a que me dedico. O que me acontecer, em termos de saúde (tenho problemas de pressão alta e outros típicos da idade) será por conta desse CAMINHO BUROCRÁTICO DISTANCIADOR estabelecido pela LOCAWEB. Repito: a demora no atendimento poderá me causar sérios danos. Caso isso aconteça, não me limitarei a dispensar a hospedagem da LOCAWEB. Portanto, PRECISAMOS ESCLARECER ISSO HOJE, de qualquer maneira. Preciso ter de volta os dados do meu cadastro, que estão no endereço http://www.palanquelivre.com/cpanel/default.asp Sem mais: PEDRO PORFÍRIO

segunda-feira, 27 de julho de 2009

A submissão da UNE à castração do pensamento crítico (II)

Lula transformou o Prouni no caminho sorrateiro de privatização do ensino superior. Só a UNE não viu.
“O Programa Universidade para Todos deve operar, à semelhança do PROER para o sistema bancário, em benefício da recuperação financeira das instituições particulares endividadas e com alto grau de desistência e de inadimplência”. Cristina Helena Almeida de Carvalho, Universidade de Campinas “Como uma operação de salvamento para o setor privado, apesar de mascarado por um discurso demagógico de “democratizar” o acesso ao ensino superior, o governo Lula implementou o ProUni”. Sergio Campos de Almeida, Universidade Federal Fluminense. Grande parte das instituições que participam do ProUni não poderia estar funcionando, caso houvesse controle social sobre as privadas. Ademais, o ProUni permite que, para os pobres, as instituições privadas forneçam cursos seqüenciais de curta duração, conferindo, absurdamente, diplomas. Em terceiro lugar, o ProUni foi transformado na principal estratégia do governo para a educação superior e, por isso, legitima o sucateamento planejado e sistemático das universidades públicas, visto que a renúncia fiscal do programa tem como contrapartida o congelamento das verbas das federais”. Roberto Leher, Universidade Federal do Rio de Janeiro Para ser justo é preciso reconhecer que o atrelamento da UNE, UBES e de algumas entidades estudantis ao governo Lula afigurou-se como questão se sobrevivência e deve ser visto num contexto de açodada mediocridade intelectual e desinformação generaliza que acometem a sociedade brasileira como um todo. A UNE de hoje é antes de tudo um poço de equívocos. Pode até ser que uma meia dúzia de maladrinhos faça da profissionalização do exercício de liderar o atalho mais cômodo para inserir-se num universo em que as possibilidades de trabalho digno são cada vez menores. Visão da saúde ao gosto da Fundação Ford Mas a garotada de hoje está sendo deliberadamente circunscrita à cultura dos clichês e à manipulação dolosa de suas expectativas e seus anseios. Quando os dirigentes da UNE acreditam que prestar serviço à saúde é tão somente formar caravanas pelo país para difundir o sexo seguro e defender o direito ao aborto, percebe-se com são presas fáceis de práticas diversionistas, ao gosto do Banco Mundial, da Fundação Ford e de um sistema que fracassa continuamente no enfrentamento do grande caos que tem sido a alegria da medicina privada. Caravanas dessa natureza nos fazem ter saudade do Projeto Rondon, incrementado no regime militar, que levou estudantes ao contato produtivo com as realidades sociais dos grotões, exercendo um pouco do seu conhecimento aprendido nas universidades urbanas. Lamentavelmente, não ocorre a esses jovens tão fixados na prática do sexo seguro a difusão da melhor receita para a tragédia sanitária - as práticas preventivas sobre todas as ameaças, configuradas na distribuição pelo país do MÉDICO DA FAMÍLIA, programa vitorioso em Cuba e em outros países (veja o exemplo de Niterói) que assimilaram o óbvio: é no relacionamento cotidiano com as pessoas saudáveis que os profissionais da área podem evitar formação de exércitos de enfermos e a sobrecarga dos equipamentos públicos de socorro.
Vocação para o haraquiri Cito esse caso como um exemplo da manipulação dos jovens. Mas, ressalvando que não são os únicos prisioneiros dessa imensa cortina de fumaça que se abate sobre o país pelo culto da ignorância, lamento que o atrofiamento mental da juventude venha assumindo as feições de um verdadeiro haraquiri. É o caso do envolvimento com o programa de salvação das empresas particulares de ensino pela matemática da renúncia fiscal e o direcionamento de milhares de jovens para a ocupação de 49% de suas vagas não preenchidas. É no acumpliciamento com esse projeto de destinação dos recursos públicos para faculdades de baixa credibilidade que a UNE oferece sua graciosa ajuda à estratégia de privatização do ensino universitário, tarefa a que o governo Lula se propôs na estrita observância do relatório assinado por dois figurões do Ministério da Fazenda no governo Fernando Henrique, Marcos Lisboa e Joaquim Vieira Ferreira Levy, este sacado por Sérgio Cabral de uma vice-presidência do BID para assumir Secretaria da Fazenda do Estado do Rio. Essa origem “tucana” do Prouni foi demonstrada com toda clareza pelo professor Roberto Leher, doutor em Educação pela Universidade de São Paulo e professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), em entrevista a Maria Cristina Siqueira, publicada em 11 de janeiro de 2007 pelo jornal FOLHA DIRIGIDA. Esses dois sábios, aliás, foram mantidos pelo governo Lula dentro de seu compromisso de seguir as pegadas de FHC, de inspiração nos acordos com o FMI, na área econômica. “O Programa Universidade para Todos - Prouni — teve origem no conhecido documento Análise dos Gastos Sociais, de 2001-2002, do Ministério da Fazenda, escrito por Marcos Lisboa e Joaquim Levy, então dirigentes desse ministério e (posteriormente) principais operadores da política econômica atribuída a Palocci. No documento, os dirigentes ponderavam que as universidades públicas são muito onerosas e elitistas e que, por isso, melhor seria alocar os recursos públicos para adquirir vagas no mercado, visto que as privadas, na avaliação do citado documento, são notoriamente mais eficientes do que as públicas. Mais tarde, ficou evidente que essa modalidade de parceria público-privada seria encaminhada pelo Prouni”. Após a publicação da Medida Provisória, editada às pressas e sem discussão no Congresso, para atender ao lobby das faculdades privadas, a comunidade acadêmica produziu farto material demonstrando todo o mal que esse programa faria a curto, médio e longo prazo ao nosso ensino. A UNE, no entanto, preferiu eximir-se do debate. Bolsa-Família universitário No caso das bolsas nas escolas privadas, praticamente imunes aos controles impostos na esfera pública, guardadas as proporções e as especificidades, há uma certa semelhança ideológica com o já famoso “Bolsa-Família”. Porque ambos têm caráter compensatório e imobilizam segmentos sociais. Entre os jovens bolsistas, persiste a insegurança em relação à qualidade do ensino ministrado e sua habilitação para o exercício da profissão escolhida, embora em sua grande maioria os cursos abertos pelo programa não se incluam entre os de maior rigor escolar. Em defesa da postura da entidade, Tiago Ventura e Joanna Paroli, dirigentes eleitos no Congresso de Brasília, assinam artigo na revista CARTA CAPITAL, no qual lembram que no evento anterior os estudantes expressaram discordâncias com o governo Lula. “Neste encontro, a entidade levou, em parceria com a Coordenação dos Movimentos Sociais, mais de 8 mil estudantes às ruas exigindo o "Fora Meirelles", demarcando a sua posição de discordância com a política econômica do Governo Federal e a sua autonomia política, que é constantemente reafirmada na política de boicote ao ENADE, nas críticas à política de comunicação e nas exigências de se avançar cada vez mais nos investimentos e democratização da Universidade brasileira, derrubando, por exemplo, os vetos dados pelo Governo FHC ao Plano Nacional de Educação e a manutenção da Desvinculação da Receita da União na área da educação”. Que eu saiba, Meireles está mais dentro, mais prestigiado do que nunca e a UNE calou. Da mesma forma, nada da pauta enunciada foi objeto de mudança pelo governo. E não se falou mais nisso. Pior: com a chantagem de uma falsa dicotomia eleitoral e de um pragmatismo velhaco, os estudantes perderam uma boa oportunidade de pintar os rostos outra vez, tamanha a corrupção personificada por Sarney (o protegido do homem) como uma peste mortífera, cujos efeitos se espalham por todo o tecido social e comprometem a própria razão de ser do regime democrático.
Esse silêncio canhestro encomendado por seus tutores fala mais alto do que os 72 anos de lutas de uma entidade que ostensivamente tirou seu time de campo numa hora em que o país inteiro não esconde sua perplexidade e sua revolta. E mais precisa do grito de indignação dos jovens.

sexta-feira, 24 de julho de 2009

A submissão da UNE à castração do pensamento crítico (I)

Ao pintar na grande mídia, em 1978, ainda sem a barba programada, Lula queria ver os estudantes pelas costas.
“Privatizaram o conhecimento que só à humanidade pertence” Bertold Brecht, teatrólogo e pensador alemão (1898 -1956) “Os estudantes são os patrões de amanhã. Pega, por exemplo, a greve da Scania. Os estudantes da FEI não fizeram greve, estão trabalhando lá como estagiários da FEI. Os únicos estudantes honestos que eu vi foram os estudantes da Fundação Getúlio Vargas”. “Quando os estudantes resolveram fazer um ato público para angariar esmolas para a classe trabalhadora, eu fiz uma nota oficial – vão dar esmola para a mãe deles”. Lula, em entrevista a Ruy Mesquita, herdeiro do “Estadão”, em julho de 1978, o que levou o “barão da imprensa paulista” a considerá-lo um líder proletário autêntico, “incontaminado política ou ideologicamente”. “Ou os estudantes se identificam com o destino do seu povo, com ele sofrendo a mesma luta, ou se dissociam do seu povo, e nesse caso, serão aliados daqueles que exploram o povo” Florestan Fernandes, sociólogo e ex-deputado federal pelo PT-SP (1920-1995) “O governo Lula é outra razão da alienação. Os jovens se sentem obrigados a apoiar o governo atual, porque têm origem de esquerda, e porque acreditam que ele age no limite do possível. Ao limitar-se ao que é possível, a juventude envelhece”. Senador Cristóvam Buarque, artigo publicado em 16 de agosto de 2008. “Entendemos que esta entidade não é mais representativa das lutas estudantis e muito menos um instrumento para tais, considerando que se opõe às lutas das próprias entidades gerais (como o DCE UFU), filiadas à ela, ainda hoje, por questões históricas.” DCE da Universidade Federal de Uberlândia, junho de 2008 “Devido ao fato de estar vinculada a um partido da base aliada do Governo Federal, a UNE assumiu uma posição extremamente governista, quando defendeu o Prouni, deixando de lado algumas de suas bandeiras históricas, tal como a luta pela Universidade Pública, Laica, Gratuita e de Qualidade para todos”. Ivandick Rodrigues dos Santos Jr, acadêmico de Direito da Universidade Mackenzie “Vivemos um momento de alienação, não só dos universitários, mas da juventude como um todo: o sistema “massifica” a juventude, tratando a todos como uma coisa só que ainda é muito imatura para tomar decisões e opinar acerca dos caminhos do país”. Fernanda Senna, Universidade Federal de São Paulo. Quando começou a pintar na grande mídia como “o cara” que nada tinha com as lutas do passado e era “apenas um torneiro mecânico” sedutor, Lula tinha pavor dos estudantes. Demonstrou isso em algumas entrevistas. Mas não ficou só no discurso. Numa das greves badaladas, determinou que sua tropa de choque tomasse os jornais que os estudantes do MR-8 e do PC do B distribuíam e pôs o grupo para correr, insuflando os trabalhadores contra os garotos que queriam “politizar o movimento”. De mala e cuia no Congresso da UNE Mas o mundo dá muitas voltas. Nesses dias empanados de uma Brasília de cabeça para baixo, Lula entrou para a história como o primeiro presidente da República a comparecer a um Congresso da UNE, isso no sexto ano de governo e levando a tiracolo a presidenciável que saiu do bolso do seu colete. Quem mudou? Lula? Os estudantes? Ou mudaram os tempos? Por que só agora, quando joga todas as suas fichas numa candidata inventada por ele? Antes outra pergunta: Congresso da UNE? Menos. Cartorialmente, sim. Mas, de fato, um encontro encorpado pelos bolsistas do PROUNI, um programa que socorreu as escolas privadas, ocupando seus espaços ociosos mediante a renúncia dos tributos devidos, segundo a mesma aritmética que terceiriza a assistência médica do SUS, em que não falta a manipulação dos números para escamotear a injeção maciça R$ 3 bilhões de recursos públicos no ensino mercantil. Entidade comprometida até a medula O evento universitário chocou os que imaginam as entidades estudantis como vanguardas incorruptíveis do pólo acelerador da história. Por sua natureza, espera-se que o envolvimento de jovens na vida política se dê pela via da contestação às práticas inescrupulosas e até ao próprio sistema. No entanto, a União Nacional dos Estudantes, que nasceu no combate ao nazi-facismo quando o governo do Estado Novo tinha entre seus próceres influentes simpatizantes, renegou sua história para se transformar num deprimente cabide de interesses, sucumbindo aos encantos do poder, no mesmo ritual dos sindicatos e das organizações não governamentais de alto teor arrivista. Ironicamente, o abandono das bandeiras pelo ensino público de qualidade, com a garantia de acesso a todos, e da defesa da soberania nacional, o questionamento do modelo econômico, acontece pela ostensiva transformação da entidade em “aparelho estudantil” do Partido Comunista do Brasil, uma verdadeira fraude ideológica, que tenta submeter e cooptar a juventude pelas ofertas de programas e sinecuras no Ministério dos Esportes, com o qual foi aquinhoado desde a ascensão de Lula. Com muita sede ao pote Erram os que imaginam que essa rendição decorra tão somente das patacas oferecidas pelo governo e pelas estatais. Nos tempos idos, antes de 1964, o governo federal destinava subvenções a UNE, UBES e entidades estaduais. Até 1963, antes da implantação do Programa Nacional de Alfabetização - PNA – que mobilizou dezenas de jovens do Partido Comunista Brasileiro – o “partidão” - numa tarefa de grande alcance social, as lideranças se protegiam na explicitação de suas próprias propostas de luta pela democratização do ensino, no apoio aos movimentos pelas reformas de base e a denúncia da desnacionalização da economia. Até 1964, quando o número de universitários não chegava a 130 mil, e o de secundaristas beirava o milhão e 400 mil, 80% das escolas superiores eram públicas, número inversamente proporcional ao que acontece hoje. O Colégio Pedro II, o Instituto de Educação, o Colégio Militar e os ginásios estaduais ofereciam o melhor ensino, travando-se já nos primeiros graus a corrida pelo privilégio de frequentar um estabelecimento público de qualidade. Ao longo desses 43 anos, a educação foi-se afastando de seus fundamentos essenciais, num processo que culminou com a castração intelectual dos jovens. A maioria silenciosa fixa-se na caça ao canudo, embora ainda sejam dramáticas as estatísticas de evasão escolar em todos os níveis do ensino. A privatização do pensamento crítico A mudança do perfil universitário, com o crescimento voraz das escolas e das vagas nos estabelecimentos privados alimentou o processo de desfiguração do ensino superior, irradiando-se na consolidação da ESCOLA MEDÍOCRE, afogando nas perdidas ilusões quase dois milhões de universitários, 79% dos quais pagando para habilitar-se ao mercado de trabalho. A UNE de hoje não é mais o espaço da formação de líderes como antes porque sua base social foi igualmente privatizada, com o seu inevitável empobrecimento intelectual. Não se fala mais na educação como um todo, que contemple as camadas de base, desde as primeiras letras. Ao contrário, o sistema circunscreveu os universitários à patética “filosofia” da “farinha pouca, meu pirão primeiro”, oferecendo soluções cosméticas e inúteis, como as políticas de cotas destinadas tão somente a compensar o sucateamento do ensino público de segundo grau. O dedo nas feridas Quando ocupou o Ministério da Educação, do qual foi demitido pelo presidente assumidamente ignorante com os requintes da torpeza, do desrespeito e da humilhação, o senador Cristóvam Buarque ficou falando sozinho numa das mais corajosas propostas educacionais - o resgate do ensino de primeiro e segundo grau. Mas não ficou aí. É dele a mais inteligente reflexão sobre os descaminhos percorridos pela minoria talhada para o aparelhamento da UNE e da UBES, transformadas em monopólios da garantia dos benefícios da carteira de estudante. Em artigo publicado no jornal O GLOBO, em 16 de agosto de 2008, ao proclamar que “nunca foi tão necessária uma juventude revolucionária”, o ex-ministro, ex-governador e ex-reitor da Universidade de Brasília lembrou que “antes, a revolução defendida pela juventude universitária era a favor da nação, do povo, mas também dos jovens”. "Com o apartheid social que caracteriza o Brasil de hoje, a classe média sabe que seu padrão de vida e de consumo sairá perdendo se houver distribuição de renda para os pobres. Os jovens universitários percebem que não há espaço para todos". "Para eles - escreveu Cristovam Buarque - os únicos empecilhos para chegarem ao paraíso são a Aids e as mensalidades da universidade particular. A revolução está no Prouni e no sexo seguro”. Do seu antológico artigo (que pode ser lido na íntegra clicando aqui), extraí verdadeiras lições: “A UNE vai fazer uma caravana nacional para debater educação, saúde e divulgar práticas de sexo seguro. Isso pode significar que o movimento universitário esteja saindo da paralisia e do corporativismo para encontrar uma nova causa. Mas, ao mesmo tempo, passa a idéia de que os universitários continuam desligados da necessidade de o Brasil fazer uma revolução na sua sociedade”. “Mais importante do que esse saudosismo arrogante é entender por que a juventude universitária ficou conservadora, enquanto a realidade social de hoje é ainda mais perversa do que era antigamente: a corrupção domina, a violência controla as ruas, a desigualdade se transformou em apartação, a educação básica é uma calamidade vergonhosa, o planeta se aquece’. “Alguns põem a culpa nos 21 anos da ditadura, esquecendo-se de que já temos 23 anos de democracia. A culpa é mais da democracia do que da ditadura, porque, naquele tempo, havia uma forte militância juvenil pela liberdade. A democracia calou os intelectuais e alienou a juventude”. “A juventude universitária não defende a necessária revolução na educação de base. Intui que, se todos os pobres do Brasil tiverem educação de máxima qualidade, a juventude de classe média e seus filhos sofrerão forte concorrência. A exclusão educacional e a má educação dos que sobrevivem até o fim do ensino básico é uma forma de proteger os que têm acesso a boas escolas”. Voltarei ao assunto. coluna@pedroporfirio.com
A privatização do ensino e suas consequências nefaastas

terça-feira, 21 de julho de 2009

Honduras de Zelaya, o conflito com os espoliadores da América Central

“Quando os militares de Honduras derrubaram o governo eleito de Manuel Zelaya, ouviu-se um suspiro de alívio nas salas da Chiquita Inc., grande corporação da plantação e distribuição de frutas. No início de 2009, a empresa, que tem sede em Cincinnati, fez eco às críticas contra o governo em Tegucigalpa, que aumentara o salário mínimo nacional em 60%. A Chiquita reclamou que as novas leis afetariam seus lucros; que a empresa passaria a gastar em Honduras mais do que na Costa Rica: 20 cents a mais para produzir um engradado de abacaxis e 10 cents a mais, para ser exato, para produzir um engradado de bananas. No total a Chiquita alegou que perderia milhões de dólares por efeito das reformas trabalhistas de Zelaya, dado que a corporação produzia cerca de 8 milhões de engradados de abacaxi e 22 milhões de engradados de bananas por ano”. Nikolas Kozloff, autor de Revolution! South America and the Rise of the New Left
Como, por assim dizer, Honduras está em chamas, retomo o contato com o primeiro grande desafio do governo Obama, dando continuidade ao comentário de 6 de julho, munido de novas informações e convencido do dever de oferecer meu depoimento como contribuição à formação de opinião em nosso país. Desafio porque está difícil acreditar que “el negrito”, como o presidente dos EUA está sendo chamado pelos golpistas, tenha entrado de gaiato no navio. Desafio porque Honduras sempre foi o pivô das piores políticas de intervenção dos Estados Unidos na América Central. A batalha que se trava hoje nesse país de menos de 8 milhões de habitantes, espoliada pela multinacional Chiquita Brands International Inc (ex-United Fruit e maior distribuidora de frutas dos EUA), é a senha para a retomada dos seus vizinhos, que somam mais de 40 milhões, hoje percorrendo um caminho alternativo, completado com a vitória do candidato da Frente Farabundo Marti de Libertação Nacional, em El Salvador. E mais do que reagir à ruptura da ordem constitucional, eventualmente fora de moda, cabe-nos um posicionamento claro em relação ao poderio das empresas estrangeiras, habituadas a virar a mesa em nosso continente quando seus interesses são contrariados. Como nos velhos tempos Acrescente-se a isso a compreensão de que, como centro de dominação, a potência do norte, mesmo em queda livre, jamais renunciou aos seus dotes imperialistas. Tanto que essa quartelada contra o presidente Zelaya teve a mão grande do embaixador Hugo Llorens, do esquema do cubano-norte-americano Otto Reich, poderoso no governo Bush e sócio de concessionária de telefonia em Honduras. Quando Hillary Rodham Clinton assumiu a Secretaria de Estado ficou sabendo que Bush enviou Llorens para Tegucigalpa em setembro passado com segundas intenções. Soube que, já na primeira semana como embaixador, manteve reunião com o general Romeo Vasquez, amigão dos traficantes de armas Thomas Posey e Dana Parkes, introduzidos em Honduras pelo sinistro John Negroponte, o inglês-norte-americano, que completa 70 anos hoje, como peça-chave da rede sionista (da qual Otto Reich é “valete de ouro”). Para comprometer mais ainda estabelecimento yankee, já se sabe que o general Vasquez e seu colega Luis Javier Prince Suazo, chefe da Força Aérea, ambos com cursos “especializados” na Escola das Américas, tiveram apoio logístico da base militar norte-americana de El Aguacete, implantada pelo então embaixador Negroponte em 1981 como escola de guerra e tortura em Soto Cano (Palmerola), a 97 km de Tegucigalpa. Contígua à base, um conjunto de 44 prédios, funciona a Academia da Força Aérea de Honduras. Washington na fita Washington admitiu recentemente que teve conhecimento prévio do plano golpista em detalhes, pelo menos dez dias antes. Na segunda feira, 29, porta-vozes do Departamento de Estado, em declarações à imprensa, comentaram que seu embaixador e uma equipe de diplomatas norte-americanos “estavam em conversações” com os principais atores do golpe há mais de um mês. Essas conversações intensificaram-se durante a semana aprazada, quando o embaixador norte-americano em Tegucigalpa, Hugo Llorens, se reuniu três vezes com os militares golpistas e os grupos de empresários da COHEP – Confederação Hondurenha de Empresários, inclusive os executivos da Chiquita Brands International Inc e da Covington & Burling, lobista atuante, que pôs recentemente John Negroponte como seu vice-presidente e da qual foi sócio Eric Holder, atual Procurador Geral dos EUA, co-coordenador geral da campanha de Obama. Ofereço essas informações para você entender a abrangência do projeto golpista e entender porque não restou outra alternativa ao presidente Manoel Zelaya, apenas um liberal rico, mas com grande sensibilidade social e corajoso patriotismo, senão assumir a liderança da insurreição popular que ganha as ruas de Honduras na repulsa ao golpe militar. Quando pediu ao presidente Oscar Arias para tentar uma “solução negociada” a sra. Clinton cumpriu o seu papel no script golpista. Na última semana, sob o comando do “paramilitar” Billy Joya Amendola (também conhecido como Dr. Arranzola), ministro conselheiro do impostor Micheletti, grupos de mascarados executavam próceres legalistas, entre os quais Roger Iván González, líder do Partido União Democrática Unionista, morto dia 11 em sua casa de San Pedro Sula, e seu correligionário Ramon Garcia, assassinado no dia seguinte. Dentro do plano golpista, chancelado pelo embaixador Llorens, projeta-se um conflito na América Central, começando por um choque com a Nicarágua, ainda afetada pela guerra civil dos anos 80. Honduras é o país com maior arsenal bélico da região e uma tropa comandada pelos remanescentes do tenebroso Batalhão 316, treinado pela CIA e por especialistas da ditadura argentina, com a tarefa de exterminar elementos hostis em Honduras, El Salvador e Nicarágua. Batalhão 316, a matriz do golpe Para saber mais sobre a matriz da cúpula militar de Honduras, leia o que colhi a seu respeito: A CIA foi uma peça-chave para o treinamento e equipamento do Batalhão 316. Seus membros eram aero-transportados a um lugar secreto dos Estados Unidos para receber treinamento em técnicas de vigilância e interrogatório, e depois a CIA continuava treinando-os em bases hondurenhas. Desde 1981, os Estados Unidos cederam fundos clandestinamente a especialistas argentinos em contra-insurgência para que esses treinassem as forças militares em Honduras. Nessa época, a Argentina era famosa por sua própria “guerra suja”, que custou pelo menos 10.000 mortos ou “desaparecidos” nos anos 70. Instrutores argentinos e da CIA trabalharam ombro a ombro no treinamento dos membros do Batalhão 316 em um acampamento em Lepaterique, um povoado a umas 16 milhar ao oeste de Tegucigalpa. O General Gustavo Álvarez Martínez, quem em sua qualidade de Chefe das forças armadas hondurenhas dirigia pessoalmente o Batalhão 316, recebeu um forte apoio dos Estados Unidos, inclusive após haver dito a um Embaixador estadunidense que pretendia usar o método argentino de eliminação de subversivos. Em 1983, quando os métodos repressivos de Álvarez eram bem conhecidos pela Embaixada dos Estados Unidos, a Administração Reagan lhe condecorou com a Legião do Mérito por “promover o êxito do processo democrático em Honduras”. Sua amizade com Donald Winters, chefe da estação da CIA em Honduras, era tão estreita que quando Winters adotou uma criança pediu a Álvarez que fosse o padrinho. Um oficial da CIA radicado na Embaixada dos Estados Unidos ia com freqüência a uma prisão secreta conhecida como INDUMIL, onde se torturava, e ali visitava a cela de Inés Murilllo, vítima de abdução. Essa prisão e outras instalações do Batalhão 316, estavam fora do alcance dos funcionários hondurenhos, incluindo os juízes que tentavam saber o paradeiro das vítimas de seqüestro. É desconhecido o número exato de pessoas executadas pelo Batalhão 316. Ao longo dos anos foram encontrando corpos não identificados nem reclamados, enterrados em zonas rurais, ao longo de rios e nos bosques. Posteriormente, em 1993, o Governo de Honduras publicou uma lista de 184 pessoas desaparecidas e presumidamente mortas. O descobrimento de um corpo identificável permitiu aos promotores tentar colocar corpos de outras vítimas à disposição da justiça.
Zelaya em Honduras para a luta O site Pátria Latina informou que o presidente Zelaya já se encontra em território hondurenho. Em matéria assinada por Laerte Braga, garante que a insurreição constitucionalista já começou: “Neste momento o presidente entrou em Honduras e vai permanecer.A greve geral está afetando diversos setores da economia do país. São visíveis os sinais de descontrole dos golpistas. A repressão aumenta, mas já não há unanimidade entre os militares que depuseram o presidente há quase vinte dias. Uma grande marcha com voluntários de diversos países principalmente da América Latina começa a dirigir-se a Tegucigalpa. Muitos norte-americanos de organizações pela democracia e direitos humanos estão se associando a marcha. Outros chegam de países da Comunidade Européia. O presidente não pretende mais retirar-se do território de Honduras. Sua mulher e sua filha lideram mobilizações em vários pontos principalmente na capital. As manifestações em toda Honduras estão provocando ondas de grande emoção no país”. Governo brasileiro com presidente legal Neste dia 20, O GLOBO publicou matéria assinada por Eliane Oliveira, na qual garante que a diplomacia brasileira está assumindo uma posição firme, causando o primeiro aranhão nas boas relações entre Brasil e Estados Unidos, desde a posse de Barack Obama, no início deste ano. Os dois países divergem sobre a forma como as negociações envolvendo Honduras estão sendo conduzidas pelo presidente da Costa Rica, Oscar Arias. Enquanto os EUA aplaudem a busca de um governo de coalizão entre o presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya, e os autores do golpe de Estado que colocaram no poder o presidente do Congresso Hhndurenho, Roberto Micheletti, o Brasil defende que nenhum acordo seja feito sem que Zelaya possa voltar ao país e reassumir o cargo. A ser verdadeira essa notícia, observa-se uma mudança na política externa do governo Lula, que procurou seguir a estratégia inspirada desde Afonso Arinos (no governo Jânio Quadros) com o cuidado de não contrariar Washington. Dessa vez, teríamos um Brasil mais próximo dos seus irmãos latino-americanos, em ostensiva divergência com os Estados Unidos. Espero voltar ao assunto com mais informações e opiniões.
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