sábado, 16 de fevereiro de 2008

A Washington negra e pobre analisa a candidatura Obama

15/02/2008 Os bairros afro-americanos do sul da capital estão mergulhados em segregação, pobreza e violência. "Terão de matar Obama, como todos os líderes negros", prevê uma eleitora Eusebio ValDo La Vanguardia Em Washington, bairros como o de Anacostia nunca saem nas fotos da capital neo-imperial americana. De Washington são famosas as imagens da liturgia do poder, do culto à própria história: o presidente no Jardim das Rosas da Casa Branca, a cúpula iluminada do Capitólio, a beleza geométrica dos monumentos de mármore no Mall. Mas a poucos minutos de carro, atravessando o rio Anacostia, aparece o rosto de uma das cidades mais segregadas dos EUA, os bairros afro-americanos mergulhados na pobreza e na violência. Bush só os sobrevoa de helicóptero durante um curto trajeto entre a base aérea de Andrews e a mansão presidencial. Para a imensa maioria dos brancos, que vivem em outras áreas, esse é um terreno que jamais pisam.A escola elementar Ketcham, com 360 alunos -todos afro-americanos-, é colégio eleitoral para as prévias. Não se vê nenhum branco nas ruas, com exceção de um casal de aposentados, de uma organização de caridade da Virgínia que trouxe material doado para os alunos.Isto deveria ser um bastião de Barack Obama. Mas Dirk, de 27 anos, e seu amigo Mike, de 45, parecem céticos sobre a possibilidade de que nada pode mudar. Matam o tempo em um cabeleireiro unissex, à espera de clientes. Sua grande preocupação é o constante roubo de veículos no bairro. "Precisamos de uma punição mais severa para nossos jovens que roubam carros e os destroem", afirma Dirk. "A polícia os detém e volta a soltar." "A situação se deteriorou nos últimos anos", confirma Mike.Em Anacostia, como em toda Washington -com quase 60% de população afro-americana-, vigora o toque de recolher noturno para menores de 17 anos. Se a polícia os vê perambulando pelas ruas pode aplicar multas ou detê-los. É uma tentativa de conter o crime. Os assassinatos e tiroteios fazem vítimas quase diariamente."Como Barack Obama pode mudar um bairro em que ele nunca viveu, nem sequer visitou?", pergunta Dirk. "Assim como Bush. Nunca pisou nestas ruas. Nunca vi uma caravana presidencial por aqui, interessando-se em como pode mudar esta área de Washington. O único que pode fazer isso é quem fizer de dentro."Neil, engenheiro aposentado, confessa que vai votar em Obama porque "é mais justo", mas adverte que ele terá dificuldade para ganhar. "Os EUA são um país racista", constata. "Esse é o único motivo pelo qual talvez ele não consiga. Sim, o voto jovem o ajudará. Mas os velhos trabalhadores, maiores de 60 anos, ainda são racistas. E serão até sua morte." Sua mulher, Marlene, ex-encarregada de banheiros masculinos, é mais otimista: "Tenho confiança em que (Obama) nos unirá e poderemos todos desfrutar da vida, que é curta demais. Devemos parar com besteiras".Rosie Hyde, que foi funcionária judicial durante 32 anos e se dedicou a revisar condenações de liberdade condicional, está feliz e assustada ao mesmo tempo com o sucesso do senador Obama. "É um momento fenomenal para nosso país, ver como Barack Obama uniu etnias, raças, culturas", salienta. "Lembro-me da era do rock'n'roll, que fez mais pelas relações raciais neste país que nenhuma outra época. As pessoas percebem que há mais coisas que nos unem do que nos separam. Os jovens afro-americanos, hispânicos, europeus aceitam melhor a diversidade. O mundo tornou-se menor, talvez graças à Internet. O curioso é que Obama ganhou o voto dos jovens e dos homens brancos. A Ku Klux Klan apóia Obama! O que você acha disso?""Acredita realmente que Obama pode conseguir chegar à Casa Branca? Uma coisa é ganhar a candidatura democrata, outra as presidenciais...""Sim, pode, mas creio que então terão de matá-lo.""Não diga isso, por favor...""Tivemos muitas tragédias neste país. Mataram todos os líderes negros. Todos os que quiseram derrubar as barreiras dos preconceitos e do racismo têm de morrer porque não se ajustam ao perfil dos neoconservadores." Tradução: Luiz Roberto Mendes Gonçalves Matéria repassada por "Cida"

sábado, 9 de fevereiro de 2008

Uma reflexão sobre os militares no contexto da soberania nacional do Século XXI

Aos meus leitores, parceiros e amigos: Há alguns dias, movido pelo mais patriótico dos sentimentos e dotado de um senso crítico o mais imparcial possível, mergulhei numa pesquisa para entender o PORQUE das políticas de total desinteresse dos últimos governos em relação às Forças Armadas. Moveram-me inicialmente três preocupações: 1) a vulnerabilidade do país como nação de riquezas por explorar e um espaço gigantesco cobiçado – a Amazônia, mais do que O PULMÃO DO MUNDO; 2) a desmotivação dos militares, cujos vencimentos são cada vez mais precários e secundarizados em relação às demais atividades de Estado e 3) o estado obsoleto dos equipamentos militares, ao lado da inexistência de um projeto de atualização tecnológica. Tudo começou com um emocionante e-mail de uma leitora, a propósito da mobilização das esposas dos militares para garantir o que já fora apalavrado no final do ano passado – uma atualização ainda que limitada dos vencimentos da tropa. Como jornalista inquieto, que teve a carteira assinada como repórter do jornal ÚLTIMA HORA, no dia 17 de fevereiro de 1961 – portanto antes de completar 18 anos - percorri diversos caminhos e tomei várias direções. Independente de minha formação nacionalista que pode inconscientemente conter um certo ingrediente xenófobo, quis projetar o Brasil de amanhã, onde meus dois “filhos-netos” vão ter que “SABER MUITO” em suas profissões para ter uma vida digna sem se afastar da minha própria razão de ser – a honestidade acima de tudo. Nesse mergulho, nem sei o que de fato aconteceu no carnaval, Soube de uma ou outra coisa pelas manchetes dos jornais, que leio no café da manhã. Praticamente aboli a leitura dos e-mails, que costumo responder em média de vinte por dia, e esqueci duas preocupações que me dizem respeito diretamente: 1. O golpe solerte e insustentável à luz do direito de que tenho sido vítima no âmbito da Justiça de segunda instância do TJ-RJ, que por uma LIMINAR INACREDITÁVEL me afastou da Câmara Municipal do Rio de Janeiro para beneficiar o suplente, sob a alegação mentirosa de que, por pura ilação abusiva, eu teria renunciado ao mandato quando ainda não exercia e fora dos procedimentos previstos constitucionalmente, algo que FICARÁ COMO UMA MANCHA INDELÉVEL A FACE RUBRA JUSTIÇA BRASILEIRA; 2. A minha compreensão sobre o processo político na cidade do Rio de Janeiro, exposta a um ambiente da mais absoluta mediocridade, com o mais abominável desprezo pelo interesse público, em proveito de ambições personalistas, o que me levou a oferecer meu nome como pré-candidato a Prefeito da cidade, dentro do PDT, algo que certamente será uma batalha muito difícil, até por minhas características pessoais: quem me conhece sabe que sou O AVESSO DO POLÍTICO TRADICIONAL HIPÓCRITA E ENGANADOR, PARA O QUAL SÓ CONTA CHEGAR AO PODER E DELE TIRAR O MÁXIMO DE PROVEITO PESSOAL. Fique claro, para que não manipulem mais uma vez o que escrevo, que não pretendo em HIPÓTESE ALGUMA abrir mão do direito ao mandato que a Justiça demora em devolver, mesmo sabendo que não podia tê-lo expropriado, nem tão pouco vou deixar de tentar demonstrar que, aos 65 anos de muito chão percorrido, sou o nome mais preparado dentro do PDT para disputar a eleição majoritária, ainda que isso implique em abrir mão de um quinto mandato de vereador, certamente mais fácil de conquistar. Mas a ansiedade em relação ao Brasil do Século XXI, o Brasil dos meus filhos-netos e dos meus netos, me levou a um MERGULHO NAS PROFUNDEZAS DO QUE RESTA DE VERDADE, extrapolando as fronteiras de minha proposta inicial e permitindo descobertas jamais imaginadas, inclusive da natureza do processo de poder no Brasil dos últimos 50 anos, onde os militares foram levados a um golpe de Estado para preservar a hierarquia e impedir a “ameaça comunista”. Comandados por uma cúpula que gostou de mandar e desmandar com o apoio da força, os militares blindaram nesses 20 anos um regime autoritário acreditando que não havia outra opção. E só foram descartados no dia em que abriram os olhos e decidiram tomar algumas decisões estratégicas independentes, das quais a mais suicida foi a assinatura do acordo nuclear com a então Alemanha Ocidental, em 1975, contrariando interesses do complexo econômico norte-americano, especialmente de westinhouse, que já havia fornecido o primeiro reator, em 1971. Descobri tanta coisa que, já tendo escrito 67 mil caracteres (equivalentes a 11 colunas de 6 mil caracteres na TRIBUNA DA IMPRENSA) acho que ainda terei muito o que farejar e revelar. É nesse sentido que lhe escrevo hoje, após mais uma madrugada inteira de trabalho, aproveitando essa mágica ferramenta da Internet. Creio ter reunido ingredientes para um novo livro – o oitavo – (ou uma revista de debates) e para oferecer a todos os brasileiros, “gregos e troianos”, uma contribuição séria que poderá ensejar o renascimento de um pensamento atuante para além da WEB. Sim, porque não é crível que o nosso povo tenha sido aprisionado pela síndrome da mais deplorável alienação, indo às ruas apenas pelo prazer hedonista compensatório, em manifestações de incontida catarse que levaram dois milhões atrás do “Galo da Madrugada”, em Recife, outros tantos, por uma semana, ao som do trio elétrico em Salvador e 500 mil, numa instável manhã de sábado no sarro do Cordão do Bola Preta do Rio de Janeiro, sem falar dos que juntaram suas economias e fizeram dívidas para desfilar nas escolas de samba ou ir aos sambódromos fruir de seus encantos sensuais, luxo, beleza e a mesma “mis en scène” de todos os anos, com algumas novidades marcadas pela substituição do verdadeiro sambista por exibicionistas que fazem do desfile uma festa cada vez mais distante de suas raízes negras e cada vez mais espetaculosa por quem não sabe o que é o samba no pé. O objetivo desta comunicação é pedir sua colaboração, através de comentários, informações, documentos, o que esteja a seu alcance. A proposta do livro é tratar do papel dos militares no contexto da soberania nacional desses novos dias em que a nossa Amazônia está sendo violentada por todos os flancos, através de artimanhas cínicas, como a infiltração de organizações não-governamentais financiadas por ambiciosos interesses apátridas, que se valem de causas generosas – como a indígena e a ecológica - como cavalos de tróia de sua desnacionalização. Estou chegando ao âmago do complô, mas vejo claramente que ainda há muito que descobrir, tal a abrangência do processo de desfiguração do país, que leva a um estado de falência moral, em função da qual, como cita o professor Marco Cepik, em brilhante estudo sobre “Regime político e sistema de inteligência no Brasil: legitimidade e efetividade como desafios institucionais”, os dados da pesquisa de opinião Latinobarómetro para 2004 indicam que apenas 4% dos entrevistados no Brasil confiam nas outras pessoas. Creio ter chegado a hora de uma corajosa reflexão que envolva todos os brasileiros que ainda acreditam na força do pensamento e estejam dispostos a somar sua sensibilidade ao imperativo de uma nova missão. Espero que você me ajude nessa tarefa, que é de todos nós, patriotas sobreviventes. Aguardo sua palavra. Pedro Porfírio