sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Apenas a bola da vez de um regime de estelionatários políticos

Tasso Jereissati: - “Não aponte esse dedo sujo pra cima de mim” Renan Calheiros: - Dedos sujos são os de vossa excelência. São os dedos sujos do jatinho que o Senado pagou. - Pelo menos o jato é meu, do meu dinheiro, não é dos seus empreiteiros. ....V. Excia é um coronel cangaceiro de terceira categoria. - E você é um coronel de merda!

Nesta quinta-feira, 6 de agosto de 2009, o Senado da República voltou a ser picadeiro de baixíssimo nível, assemelhando-se sem tirar nem por a um covil de bandidos dedicados à exposição da roupa suja no horário indevido. Antes de qualquer comentário, cumpre-me sugerir que tirem crianças de perto no caso de sintonizarem a Tv Senado. O deprimente tom das discussões é realmente impróprio para adolescentes e jovens, que podem ter a idéia do que uma Casa Legislativa é um antro de moleques boquirrotos e boçais. É realmente constrangedor dizer à meninada que aqueles colarinhos brancos de rabos presos são os mandatários incumbidos de produzir leis, fiscalizar o Poder Executivo e exercer a representação dos Estados. É dramático admitir que eles estão ali com a responsabilidade de consolidar o regime democrático, pelo o qual algumas gerações lutaram com o sacrifício de suas vidas e de suas carreiras profissionais. É patético aceitar que esse Legislativo teria por finalidade a maior responsabilidade na sustentação da democracia representativa. Com aqueles senadores, quase todos envolvidos em falcatruas e trapaças, os defensores das ditaduras não precisam dar um pio. O comportamento abjeto e suspeito dos detentores de mandatos estendidos de 8 anos, alguns sem a legitimidade de um voto sequer, oferecem o combustível necessário à explosão desse regime que não passa de uma grande farsa, uma fantasia envolta em falsos brilhantes. Sem chance de regeneração Neste momento, o pior que pode ocorrer ao cidadão brasileiro é imaginar que essa onerosa casa legislativa tenha salvação. Como eu escrevi ontem, o Senado brasileiro sofre de graves doenças congênitas. Nasceu sob o signo da impostura com o objetivo de garantir casa, comida e roupa lavada para uma meia dúzia de políticos egressos de governos locais ou caciques vorazes, aos quais se oferece um mandato em dobro com um custo só equiparado ao dos tribunais superiores: com mais de 10 mil funcionários à disposição e todo tipo de mordomia, cada senador representa um gasto per capita diário de R$ 91.000,00, que teria melhor uso nas deficitárias rubricas de educação e saúde. Esse parlamento desqualificado, em que pontifica um líder alijado da presidência como forma viciada de poupar-lhe o mandato - apesar de pilhado em todo tipo de trapaças - não vai se regenerar porque ele reflete o sistema manipulado pelas elites, onde a dominação de classe é sustentada pela alienação deliberada do povo e pelo cultivo de expectativas individuais, de ilusórias inspirações fratricidas. Esse altar da mediocridade, da boçalidade e da corrupção faz o gosto dos interesses econômicos apátridas, aos quais o presidente Luiz Inácio se rendeu e sob cuja tutela, como um mamulengo assumido, joga com sua imagem empática e sua abusiva capacidade de cooptação, inclusive para dar proteção à súcia que enlameia a chamada Casa Alta do Parlamento brasileiro. Não há como imaginar que o circo do Senado Federal exista à margem de um contexto permeado pela ascensão de estelionatários políticos, carreiristas e arrivistas sem qualquer compromisso com as instituições republicanas. Poderes nivelados por baixo Infelizmente, em função de um ambiente despolitizante, do vazio preenchido pela mistificação, o cinismo, a hipocrisia, a barganha, o suborno e a mentira, que não poupou nem os estudantes, o que foi lamentado inclusive em nota do Clube Militar, assinada por seu presidente, general Gilberto Figueiredo, nada de patriótico e ético pode se esperar de uma casa legislativa em nosso país. Vale reconhecer, no entanto, que a qualidade moral e política dos senadores não é diferente da registrada em todos os podres poderes. A sociedade cometeu o grave erro de deixar que a vida pública seja prerrogativa exclusiva de políticos profissionais inescrupulosos, que gastam fortunas em campanhas eleitorais e exercem mandatos com a preocupação de compensarem os “investimentos”, na caça a todo tipo de vantagens, ao som de uma balada macabra de consequências abismais. Enquanto os mandatários tratam de meter a mão no que encontrarem, o exercício da política econômica passou ao controle dos banqueiros, através do Banco Central e a feitura das leis foi transferida para o Judiciário, sob o império da hermenêutica. O processo eleitoral tornou-se um jogo sujo de cartas marcadas. Os partidos grandes têm mais espaços na propaganda gratuita e recebem mais dinheiro do fundo partidário, tornando heróica a campanha dos menores, como se no regime de direito existissem legendas de primeira, segunda e terceira classes. Como se o espectro partidário estivesse sujeito a hegemonias programadas, que conservam o PMDB, uma legenda sem compromissos, sem caráter, sem líderes nacionais e sem apelo como o maior partido do país, apesar da desmoralização pública assinalada. Urnas que facilitam a impostura As urnas passaram a ser verdadeiras caixas pretas, imunes a qualquer tentativa de conferência. Agora mesmo, o chefe dessa megafraude política, senhor dos anéis e da caneta, oferece ao sistema eleitoral suspeito a garantia de que vetará qualquer tentativa de estabelecer a impressão do voto para eventual conferência, fazendo os gostos das raposas que se perpetuam nos podres poderes sabe Deus como. É bom que se diga que a revogação da impressão do voto, resultante de uma Lei aprovada em 2002, foi uma das primeiras providências do Sr. Luiz Inácio tão logo assumiu a chefia do governo. Enquanto isso, a Justiça Eleitoral limita a algumas cidades o sistema de identificação biomédica (urnas com leitura digital), optando por uma solução cara, quando uma tecnologia barata garantiria a aplicação desse controle em todo o país já no próximo pleito, à semelhança do que acontece na Venezuela,. Por onde quer que se olhe o exercício da vida pública no Brasil é flagrante o processo de distorção que faz da nossa democracia um grande logro e produz essa laia de políticos corruptos, canalhas e inescrupulosos. O Senado que nós vemos, e que precisamos extinguir por desnecessário, oneroso, redundante e nocivo, é apenas a bola da vez nessa sequência indecente de afrontas à dignidade dos cidadãos brasileiros. Porque, em verdade vos digo: os poderes dessa falsa democracia estão tão degenerados que sempre haverá um escândalo para o consumo da mídia e o desencanto de um povo, instado deliberadamente a ficar de fora “para não se misturar com porcos”. coluna@pedroporfirio.com

2 comentários:

Ivo S. G. Reis disse...

Meu Caro Porfírio:

Por tudo que temos visto até aqui, fica mais do que evidente de que, pelo menos numa coisa, o Sarneyzão tem razão: "A crise não é só dele - é do Senado". Nisso ele acertou. Essa velha raposa desta nossa Cleptocracia Consentida é apenas a bola da vez, uma bola sete. E não adianta apenas matar a bola sete: é preciso ganhar o jogo. As bolas de menor valor também contam.

Suponhamos que se conseguisse tirar do Senado, de uma só pancada, Sarney, Renan, Collor, Paulo Duque e Eduardo Azeredo (para citar só 5)... O senado ficaria limpo e acabariam os problemas? Claro que não! Iria ter um breve período de calmaria e depois começaria tudo de novo. Ah, mas vem aí as eleições e o povo pode dar a resposta nas urnas. Como, se o povo é obrigado a votar em porcarias que lhe são impostas e que ele não escolheu e nem escolheria jamais?

É triste, mas a crise é institucional, estrutural. Nem a habitual renovação de 2/3 dos membros, seja no Senado ou na Câmara (que ainda não está sob os holofotes mas tem os mesmos defeitos)resolve. E não resolve porque aquele 1/3 ou metade que fica contamina e ensina as técnicas aos que vão entrar.

Por isso a sugestão do Presidente da OAB é válida, mas ainda é paliativa. A coisa só mudará no dia em que se mexer na CF, acabando ou restringindo a imunidade parlamentar, no dia em que se alterarem os regimentos internos das duas casas (altamente protecionistas e corporativistas), no dia em que se extingüir o foro privilegiado e se implantar, em ambas, uma ampla reforma administrativa, com severos instrumentos de controle.

Não sei ao certo porque não sou "cientista político", mas acho que o caminho é mais ou menos por aí.

Unknown disse...

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