segunda-feira, 27 de julho de 2009

A submissão da UNE à castração do pensamento crítico (II)

Lula transformou o Prouni no caminho sorrateiro de privatização do ensino superior. Só a UNE não viu.
“O Programa Universidade para Todos deve operar, à semelhança do PROER para o sistema bancário, em benefício da recuperação financeira das instituições particulares endividadas e com alto grau de desistência e de inadimplência”. Cristina Helena Almeida de Carvalho, Universidade de Campinas “Como uma operação de salvamento para o setor privado, apesar de mascarado por um discurso demagógico de “democratizar” o acesso ao ensino superior, o governo Lula implementou o ProUni”. Sergio Campos de Almeida, Universidade Federal Fluminense. Grande parte das instituições que participam do ProUni não poderia estar funcionando, caso houvesse controle social sobre as privadas. Ademais, o ProUni permite que, para os pobres, as instituições privadas forneçam cursos seqüenciais de curta duração, conferindo, absurdamente, diplomas. Em terceiro lugar, o ProUni foi transformado na principal estratégia do governo para a educação superior e, por isso, legitima o sucateamento planejado e sistemático das universidades públicas, visto que a renúncia fiscal do programa tem como contrapartida o congelamento das verbas das federais”. Roberto Leher, Universidade Federal do Rio de Janeiro Para ser justo é preciso reconhecer que o atrelamento da UNE, UBES e de algumas entidades estudantis ao governo Lula afigurou-se como questão se sobrevivência e deve ser visto num contexto de açodada mediocridade intelectual e desinformação generaliza que acometem a sociedade brasileira como um todo. A UNE de hoje é antes de tudo um poço de equívocos. Pode até ser que uma meia dúzia de maladrinhos faça da profissionalização do exercício de liderar o atalho mais cômodo para inserir-se num universo em que as possibilidades de trabalho digno são cada vez menores. Visão da saúde ao gosto da Fundação Ford Mas a garotada de hoje está sendo deliberadamente circunscrita à cultura dos clichês e à manipulação dolosa de suas expectativas e seus anseios. Quando os dirigentes da UNE acreditam que prestar serviço à saúde é tão somente formar caravanas pelo país para difundir o sexo seguro e defender o direito ao aborto, percebe-se com são presas fáceis de práticas diversionistas, ao gosto do Banco Mundial, da Fundação Ford e de um sistema que fracassa continuamente no enfrentamento do grande caos que tem sido a alegria da medicina privada. Caravanas dessa natureza nos fazem ter saudade do Projeto Rondon, incrementado no regime militar, que levou estudantes ao contato produtivo com as realidades sociais dos grotões, exercendo um pouco do seu conhecimento aprendido nas universidades urbanas. Lamentavelmente, não ocorre a esses jovens tão fixados na prática do sexo seguro a difusão da melhor receita para a tragédia sanitária - as práticas preventivas sobre todas as ameaças, configuradas na distribuição pelo país do MÉDICO DA FAMÍLIA, programa vitorioso em Cuba e em outros países (veja o exemplo de Niterói) que assimilaram o óbvio: é no relacionamento cotidiano com as pessoas saudáveis que os profissionais da área podem evitar formação de exércitos de enfermos e a sobrecarga dos equipamentos públicos de socorro.
Vocação para o haraquiri Cito esse caso como um exemplo da manipulação dos jovens. Mas, ressalvando que não são os únicos prisioneiros dessa imensa cortina de fumaça que se abate sobre o país pelo culto da ignorância, lamento que o atrofiamento mental da juventude venha assumindo as feições de um verdadeiro haraquiri. É o caso do envolvimento com o programa de salvação das empresas particulares de ensino pela matemática da renúncia fiscal e o direcionamento de milhares de jovens para a ocupação de 49% de suas vagas não preenchidas. É no acumpliciamento com esse projeto de destinação dos recursos públicos para faculdades de baixa credibilidade que a UNE oferece sua graciosa ajuda à estratégia de privatização do ensino universitário, tarefa a que o governo Lula se propôs na estrita observância do relatório assinado por dois figurões do Ministério da Fazenda no governo Fernando Henrique, Marcos Lisboa e Joaquim Vieira Ferreira Levy, este sacado por Sérgio Cabral de uma vice-presidência do BID para assumir Secretaria da Fazenda do Estado do Rio. Essa origem “tucana” do Prouni foi demonstrada com toda clareza pelo professor Roberto Leher, doutor em Educação pela Universidade de São Paulo e professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), em entrevista a Maria Cristina Siqueira, publicada em 11 de janeiro de 2007 pelo jornal FOLHA DIRIGIDA. Esses dois sábios, aliás, foram mantidos pelo governo Lula dentro de seu compromisso de seguir as pegadas de FHC, de inspiração nos acordos com o FMI, na área econômica. “O Programa Universidade para Todos - Prouni — teve origem no conhecido documento Análise dos Gastos Sociais, de 2001-2002, do Ministério da Fazenda, escrito por Marcos Lisboa e Joaquim Levy, então dirigentes desse ministério e (posteriormente) principais operadores da política econômica atribuída a Palocci. No documento, os dirigentes ponderavam que as universidades públicas são muito onerosas e elitistas e que, por isso, melhor seria alocar os recursos públicos para adquirir vagas no mercado, visto que as privadas, na avaliação do citado documento, são notoriamente mais eficientes do que as públicas. Mais tarde, ficou evidente que essa modalidade de parceria público-privada seria encaminhada pelo Prouni”. Após a publicação da Medida Provisória, editada às pressas e sem discussão no Congresso, para atender ao lobby das faculdades privadas, a comunidade acadêmica produziu farto material demonstrando todo o mal que esse programa faria a curto, médio e longo prazo ao nosso ensino. A UNE, no entanto, preferiu eximir-se do debate. Bolsa-Família universitário No caso das bolsas nas escolas privadas, praticamente imunes aos controles impostos na esfera pública, guardadas as proporções e as especificidades, há uma certa semelhança ideológica com o já famoso “Bolsa-Família”. Porque ambos têm caráter compensatório e imobilizam segmentos sociais. Entre os jovens bolsistas, persiste a insegurança em relação à qualidade do ensino ministrado e sua habilitação para o exercício da profissão escolhida, embora em sua grande maioria os cursos abertos pelo programa não se incluam entre os de maior rigor escolar. Em defesa da postura da entidade, Tiago Ventura e Joanna Paroli, dirigentes eleitos no Congresso de Brasília, assinam artigo na revista CARTA CAPITAL, no qual lembram que no evento anterior os estudantes expressaram discordâncias com o governo Lula. “Neste encontro, a entidade levou, em parceria com a Coordenação dos Movimentos Sociais, mais de 8 mil estudantes às ruas exigindo o "Fora Meirelles", demarcando a sua posição de discordância com a política econômica do Governo Federal e a sua autonomia política, que é constantemente reafirmada na política de boicote ao ENADE, nas críticas à política de comunicação e nas exigências de se avançar cada vez mais nos investimentos e democratização da Universidade brasileira, derrubando, por exemplo, os vetos dados pelo Governo FHC ao Plano Nacional de Educação e a manutenção da Desvinculação da Receita da União na área da educação”. Que eu saiba, Meireles está mais dentro, mais prestigiado do que nunca e a UNE calou. Da mesma forma, nada da pauta enunciada foi objeto de mudança pelo governo. E não se falou mais nisso. Pior: com a chantagem de uma falsa dicotomia eleitoral e de um pragmatismo velhaco, os estudantes perderam uma boa oportunidade de pintar os rostos outra vez, tamanha a corrupção personificada por Sarney (o protegido do homem) como uma peste mortífera, cujos efeitos se espalham por todo o tecido social e comprometem a própria razão de ser do regime democrático.
Esse silêncio canhestro encomendado por seus tutores fala mais alto do que os 72 anos de lutas de uma entidade que ostensivamente tirou seu time de campo numa hora em que o país inteiro não esconde sua perplexidade e sua revolta. E mais precisa do grito de indignação dos jovens.

2 comentários:

gonzaga lopes disse...

Olá amigo Porfirio, esses depoimentos dizem tudo sobre a política do governo lula para a universidade pública, os dirigentes atuais da une foram coopitados pelo governo federal e a entidade que nos meus tempos de estudante seguia à frente com a bandeiras da moralização,da proteção de nossas riquezas, na valorização de nossa universidade pública e gratuita,nas discussões políticss do nosso país, mas hoje,está totalmente alienada, mascando chiquetes e tomando coca-cola, é essa a realidade de hoje, uma juventude coca-cola,totalmente alienada e o pior, tomaram a direção da une e a colocaram a serviço da alienação intelectual um desserviço a nação. Esse país vai mal, até nossa juventude que sempre foi a esperança de uma mudança de valores em nossa pátria está perdida, sem perspectiva e o pior poderá vir se não aparecer jovens sérios e conscientes para por fim a esse banquete de migalhas e resgatar essa entidade das mãos de pelegos. Nossa une de lutas históricas como a bandeira do petróleo é nosso,a luta pela legalidade juntamente com Brizola pela posse do vice presidente joão goulart por ocasião da renúncia de jánio quadro, fora collor e tantas outras lutas iniciadas pela une não pode continuar assim, é uma pena.

Unknown disse...

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