quinta-feira, 16 de outubro de 2008

O mal que fazem a baixeza e a incoerência na vida pública

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MINHA COLUNA NA TRIBUNA DA IMPRENSA DE 17 DE OUTUBRO DE 2008
“Se o Lula não consegue transferir votos para a Marta Suplicy, companheira de partido em São Paulo, imagina se vai conseguir para um sujeito que ontem denunciou o filho dele?” Renato Lessa, professor de teoria política do IUPERJ.
Porque estamos num mês sagrado, o outubro dos sete dias que abalaram o mundo em 1917; da execução de Che Guevara na Bolívia, aos 39 anos; da Revolução de 30 e da Lei 2004, que estabeleceu o falecido monopólio estatal do petróleo, daquela poesia que escrevi da prisão na Ilha Grande, quando meu filho Vladimir fazia 4 anos, porque outubro me diz muito mais, escolhi os primeiros minutos de uma madrugada quente para escrever as minhas costumeiras mal traçadas linhas. E o faço entre indignado e deprimido, sentimentos que se mesclam numa química explosiva e inquietante. Tudo isso porque não sou mais criança (que pena), embora me ache um perdido na noite ao me recusar a assimilar como naturais e inevitáveis essas vilanias que expõem o corroído caráter de quem teria por dever cívico dar o exemplo, tal a repercussão social de seus atos. Há atitudes tão ignóbeis que dá asco comentá-las. Seus protagonistas fazem um terrível mal à sociedade humana que, de resto, francamente, parece ter renunciado à cautela crítica, ao predicado do juízo de valores, ao direito ao livre arbítrio, insumos que cimentam uma sociedade verdadeiramente democrática, plural e progressista. Macacos me mordam, mas ainda não consegui digerir a indignidade da senhora Marta Suplicy no desespero crepuscular de uma derrotada anunciada. Logo quem? A autora de um projeto que lhe deu muitos votos – a oficialização da união estável entre parceiros do mesmo sexo. Mais um estelionato Depois de arrebanhar multidões de gays, lésbicas e simpatizantes, fazer-se no seu dorso, a petista de sangue azul expôs sua verdadeira personalidade e tentou golpear o adversário com uma carga homofóbica que ela e seus parceiros de estelionato político fingiam combater. Como pode essa “mãe loura” dos pobres desavisados apelar para tal baixeza? O que tem a ver a vida privada de um político com seu desempenho e suas responsabilidades à frente de um ente público? Não interessa a nenhum paulistano decente se o Sr. Kassab é solteiro, não tem filhos e, por isso, seria homossexual. A prefeita Erundina, mulher decente, cuspida pelos intolerantes de um partido cada vez mais parecido com o aquele fundado em Munique nos idos de 1920, também é solteira e não tem filhos. O que importa? E se prefeito de São Paulo fosse gay, qual seria o problema? Aqui tivemos um prefeito gay que deu uma nova vida a Parati. Paris e San Francisco tiveram prefeitos com a mesma orientação sexual. Dois secretários municipais no Rio de Janeiro também são gays assumidos. Marcelo Garcia, o de Desenvolvimento Social, é um dos mais corretos que já passaram por essa secretaria que eu, como muita dedicação, ocupei por duas vezes. Com essa derrapagem, Marta Matarrazo Suplicy ofereceu mais um corpo de delito sobre a verdadeira essência de um grupo fabricado para emboscar os desavisados que, infelizmente, como já disse, caíram na esparrela da mistificação e da esperteza. Desprezando a memória Mudando de cidade, também acho que Jandira Feghali, Vladimir Palmeira e os partidos detentores das franquias de esquerda estão prestando um grande desserviço à coerência nessa adesão disparatada ao candidato que apontavam até outro dia como da fina flor da fraude política. Como engolir o discurso de Jandira agora, depois de ler o que o blog do PC do B publicou em 27 de agosto – há menos de dois meses - sobre o candidato que enaltece? Palavras do velho partido comunista ( com letras minúsculas, mesmo): “O blog Amigos do Presidente Lula (http://www.osamigosdopresidentelula.blogspot.com/) está divulgando um vídeo postado no Youtube que mostra uma outra faceta do candidato do PMDB à Prefeitura do Rio, Eduardo Paes. No texto de apresentação do vídeo, o blog diz que ''a cidade do Rio de Janeiro começa a sofrer a ameaça do picareta demo-tucano Eduardo Paes, travestido de adesista''. Intitulado ''Eduardo Paes. Dá pra confiar?'', o vídeo de 1minuto e 55 segundos destaca declarações e ações de Paes contra o governo Lula na época em que ocorreu a CPI dos Correios e ressalta a proximidade de Paes com o prefeito do Rio, Cesar Maia. Paes participou da administração de Maia e integrou a bancada de apoio ao prefeito do DEM na Câmara Municipal do Rio de Janeiro. O vídeo lembra ainda que em pouco mais de 15 anos de vida pública, Paes já mudou de partido seis vezes. Começou no PV, mas preferiu depois a companhia da direita: pulou para o PFL, depois para o PTB, voltou ao PFL, depois foi para o PSDB e finalmente para o PDMB do governador Sérgio Cabral, que lançou a candidatura de Paes à prefeitura do Rio”. É bonito isso? Com esse “arco da sociedade” em torno de Eduardo Paes, poderá acontecer com Gabeira o mesmo que ocorreu em Brizola em 1982, que venceu como a negação do conluio de interesses contrários, eventualmente unidos de olho no banquete do poder. O perigo da insegurança Aliás, como quem está fora vê mais, devo dizer que só uma pessoa pode derrotar Gabeira – ele próprio. Como destinatário do descontentamento popular com os políticos matreiros, só ele poderá jogar fora sua vitória, deixando-se possuir por atitudes que têm a ver com sua personalidade estelar. Nesses dias, Gabeira tem exercitado abusivamente sua insegurança. Ao insistir que já ganhou, ao limitar-se aos VIPs na galeria de apoiadores e, principalmente, ao tentar tirar Lula e Jandira do programa adversário, ele parece que não está entendendo o segredo do seu próprio sucesso. Se parar para pensar, verá que Lula sairá mal na fita e nada somará ao antigo desafeto. Antes, pelo contrário. Gabeira chegou bem até aqui pela exposição serena e coerente de sua visão de cidade, semeando uma credibilidade que sairá fortalecida no confronto com a geléia geral de cunho fisiológico que juntou tantos contrários do outro lado, deixando o eleitor com o pé atrás. Mas se mudar o tom e aceitar as provocações engendradas por profissionais sem escrúpulos, poderá ser golpeado nos acréscimos. Neste momento, cada palavra que pronunciar poderá ter efeitos diversos. Uma coisa é não querer vencer a qualquer preço, outra é passar a idéia do desprezo pela busca do último voto com a humildade devida. coluna@pedroporfirio.com

Um comentário:

Anônimo disse...

eu acho que mais baixo elili marinho colocar a propria filha do roberto marinho presa por causa deheranca que mulher baixa