domingo, 22 de junho de 2008

Em política, como na vida, derrota nunca fez bem a ninguém

Em Brasília, os partidos de esquerda fizeram um bloco à margem do PT. Jandira e Lupi estavam presentes junto com Cyro Gomes.
MINHA COLUNA NA TRIBUNA DA IMPRENSA DE 23 DE JUNHO DE 2008
“Nós todos, aí separados como temos sido, continuaríamos sendo um simples degrau de uma escada que leva a direita ao poder. E eu me convenci que a eleição, mesmo, está no primeiro turno, quando se decide um dos poderes que é o Legislativo”. Leonel Brizola, 28 de maio de 1998. Entramos na semana decisiva da definição dos candidatos a prefeitos e vereadores em todo o país. Isso nos impõe um comentário, porque a sorte das urnas começa no interior dos partidos. Em muitos casos, da competência de cada um em se posicionar, apresentando candidatos ou fortalecendo alianças, criam-se as condições que influirão em toda a campanha eleitoral. Pelo que se observa, no entanto, nas eleições municipais há mais ambiente para o desprezo por parâmetros essenciais do processo político, como se seu caráter local as tornassem inimputáveis do ponto de vista histórico. Essa ausência de compromisso acontece em muitas cidades, independente de sua importância nacional. Por ser um pleito intermediário, ele pode servir simplesmente como palanque para deputados que, sem possibilidades de elegerem-se prefeitos, antecipam a busca da reeleição. Trata-se de uma disputa em que se aplica com tranqüilidade o dito popular: na terra de cego, quem tem um olho é rei, tal a miopia de alguns políticos, que se sentem mais à vontade para suprir suas vaidades, dar asas às suas fantasias e exercitar suas escamoteadas espertezas. Essa sina acaba servindo para enfraquecer o conjunto em benefício dos interesses individuais. Quando alguém insiste em arrastar seu partido para uma derrota, valendo-se de artifícios emocionais e insustentáveis à luz da razão, agredindo os fatos e desafiando o óbvio, compromete o futuro de todos os seus correligionários, com prejuízos muitas vezes irreversíveis. Porque em política, como na vida, derrota nunca fez bem a ninguém. O exemplo de Brizola Tal postura afronta a primeira lei dos partidos numa sociedade democrática. Desde o seu primeiro dia, a organização partidária tem por meta chegar ao poder, oferecendo suas propostas ou construindo um programa comum em coligação, respeitando seu ideário essencial. No Brasil de hoje, a proliferação de partidos, muitos no mesmo campo de idéias, torna praticamente impossível alcançar a vitória solitariamente. A busca de alianças coerentes se dá na primeira hora, como definiu Brizola em 1998, quando abriu mão da presidência para ser vice de Lula. Seu gesto de grandeza foi o prenúncio de uma revisão geral nos agrupamentos mais à esquerda, geralmente mais “donos da verdade”. Naquele ano, a máquina do sistema já havia trabalhado a ascensão do sociólogo tucano no bojo da primeira configuração neoliberal de perfil acadêmico. Em compensação, no Estado do Rio, a coligação dos partidos de esquerda saiu vitoriosa num nível tão profundo que até Roberto Saturnino, que não se reelegera vereador, resgatou o mandato no Senado. Esse momento mostrou também a tendência do eleitorado fluminense por governos de preocupação social. Esses 16 anos de administração de conteúdo mais conservador no Rio de Janeiro só ocorreram em face da dispersão das mesmas forças que souberam se unir e vencer no Estado, no que parece um verdadeiro paradoxo. Não se pode negar que o sistema operou com maior rigor nas sucessões para prefeito do Rio de Janeiro, exorcizando o fantasma de 1992, quando até a véspera da eleição, pintavam para o segundo turno duas candidatas do campo popular. Na manhã do pleito, o jornal O DIA estampou a manchete: É BENEDITA OU CIDINHA. No final da apuração, por alguns votos a mais, Cesar Maia logrou ultrapassar a candidata do PDT e ir para o segundo turno, quando derrotou a favorita do PT, iniciando então o ardiloso processo em que, nas três disputas seguintes, os partidos de esquerda ficaram de fora. Dispersão como arma Neste 2008, há situações novas, como o prenúncio de um grande desempenho da ex-deputada Jandira Feghali, do PC do B, que já foi a mais votada na capital para Senado, em 2006. Mas há até a possibilidade do replay daquele filme que todos já vimos, com os candidatos do prefeito e do governador no segundo turno. Isso acontecerá inevitavelmente se faltar aos partidos de compromisso social, ou a parte deles, disposição para articularem coligações que viabilizem quem realmente tem condições de resgatar a Prefeitura da cidade mais politizada do Brasil, juntamente com os projetos marcantes da era Brizola, que estão sendo impiedosamente desfigurados, como os CIEPs, – outrora de tempo integral - que hoje lideram as listas das piores escolas públicas do Estado, para o júbilo das elites. A dispersão generalizada será a grande arma dos partidos de centro-direita para impedir a vitória de um candidato progressista. Enquanto em São Paulo foi possível estabelecer uma coligação pela esquerda, no Rio pode acontecer o pior, em nome de situações emocionais competentemente exploradas pelos que ainda estão por cima da carne seca. O caso do PT é típico. Sem suas estrelas de maior penetração popular – Benedita, Vladimir, Bittar e Edson Santos – o partido do presidente Lula ganhou o inesperado apoio do governador Sérgio Cabral. Quando tudo parecia que o estranho casamento ia emplacar, o petista Molon levou uma rasteira sob medida e, ao invés de reagir com serenidade e visão, caiu na esparrela. Agora é candidato por auto-afirmarão, no que poderá estar prestando serviços ao próprio PMDB. Situação parecida é a do PDT, vítima preferencial das artimanhas das elites. Com Brizola vivo, já vinha sendo sistematicamente minado e traído. Sem ele, que era sua alma, seu coração e seu cérebro, está sujeito a tropeçar nas suas próprias pernas, a menos que seus dirigentes mais influentes assimilem a visão estratégica do papel que lhe cabe, segundo suas possibilidades, no resgate de suas propostas, que passa necessariamente por uma coligação de assemelhados e com condições reais de vitória. O quadro eleitoral pode ser mais uma vez manipulado para garantir a continuidade dos expoentes das elites, justo no Rio de Janeiro. Só não enxerga quem não se acanha em colaborar com esse jogo montado pelos profissionais do ramo. coluna@pedroporfirio.com

2 comentários:

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