
Durante a manifestação do domingo, dia 29, a disposição de manter a luta por direitos elementares, que estão sendo desrespeitados com a chancela de um juiz.
MINHA COLUNA NA TRIBUNA DA IMPRENSA DE 30 DE JUNHO DE 2008
“Havia um cheiro de podre. As minhas referências foram as guerras nas audiências da recuperação judicial, das quais participei. O Roberto Teixeira, advogado da VarigLog, queria levar vantagem em tudo: “de preferência eu não pago, de preferência eu prorrogo”. Ele é um homem truculento, avança, fala alto, grosso e Waleska (filha) mais ainda”.
Brigadeiro José Carlos Pereira, ex-presidente da Infraero.
Bem que venho escrevendo em letras garrafais e gritando em altos brados: o processo de recolonização do nosso torrão é tiro e queda. Só não vê quem é ruim da cabeça ou está drogado, entretido pelas engenhocas eletrônicas que entorpecem mais do que cocaína e bestializam mais do que conversa para boi dormir.
Pena que meio mundo não está nem aí. No horizonte perdido, qualquer prazer diverte a turba. Porca miséria. Quanto mais a gente reza, mais aparece assombração.
Nessa volúpia capitulacionista que começa na Amazônia de todas as riquezas e vai até a desnacionalização de nosso sistema aéreo, entra tudo, numa ocupação dissimulada até de nossas nuvens, com o solapamento solerte de nossa soberania e a anexação indolor de nossa economia às matrizes dos donos do mundo.
Vou te contar: a coisa está mais feia do que aparenta. Mais do que a lupa caseira alcança. É madeira de dar em doido.
O céu de mão beijada
Sem maiores estardalhaços, o governo brasileiro deu mole para as empresas de aviação dos Estados Unidos, aliás, como consta do script que principiou com o esfacelamento da Varig e outras companhias tradicionais, em benefício de um duopólio que não tem asas para ficar no ar e de violações grotescas da nossa Constituição, rasgada em pedacinhos, com a chancela de uma Justiça que, valha-nos Deus!
Ou você não sabe desses descuidos que vão desde o leilão que transferiu a Varig para os prepostos de um fundo abutre norte-americano e, na seqüência, da decisão judicial que deixou os “laranjas” no ora veja e entregou sem constrangimento o controle da Variglog, a subsidiária que comeu a mãe e a passou adiante, ao controle do próprio grupo alienígena, graças às peripécias do compadre do presidente, que mamou (por dentro) módicos 5 milhões de dólares, cooptou a corte toda, trocou as bolas e acertou tudo como o diabo gosta?
Agora vêm os peraltas da Anac (certamente orientados pela Casa Civil) e estendem o tapete nebuloso tecido por nossas nuvens para as companhias do Tio Sam voarem e rolarem, numa jogada da pesada, através de um acordo de cartas marcadas que franqueia geral os vôos entre os dois países.
Como aqui nossos aviões já não dão nem pro gasto doméstico, o tratado é mamão com açúcar para as companhias norte-americanas, que contam com o apoio total e absoluto do seu governo, conforme juras da secretária de Transportes dos EUA, Mary Peters.
- Esse acordo vai ajudar as empresas (de lá) a satisfazerem a crescente demanda por serviços de passageiros e de carga entre EUA e Brasil. Agora, é crucial que demos às companhias americanas toda a oportunidade possível de competir e ter êxito seja onde for que os passageiros queiram visitar.
Pelo acordo de compadres, o céu não tem limite. Daqui por diante, qualquer aérea dos dois países poderá participar desse transporte. Também será permitido, pela primeira vez, o code-share (compartilhamento de vôos) entre empresas brasileiras e americanas com companhias de terceiros países interessadas nas rotas entre Brasil e EUA.
Não é bem um negócio da China, porque o Lap Chan, o dono da bola no estrago da Varig, não está na fita. Mas já explodiu nos nossos hangares, como advertiu Ronaldo Jenkins, diretor do Sindicato Nacional das Empresas Aéreas.Segundo ele, isso vai permitir que apenas as companhias americanas aumentem o número de vôos para o Brasil.
— Dos 105 vôos semanais para os EUA, as empresas brasileiras têm 35. A tendência é que essa participação caia. A medida visa a atender às empresas dos EUA — disse Jenkins, com o sentimento de que bateram sua carteira.
Também pudera. Cada dia a gente fica sabendo do mau comportamento da dona Dilma (que matou a menina que havia naqueles sonhos) virou a coroa esperta e está deixando o Zé Dirceu no chinelo.
A notícia de ontem foi a gravação sobre a pressão exercida diretamente sobre a Infraero para facilitar o negócio da transferência da Varig para a Variglog, propriedade da Volo do Brasil, máscara da Volo Lac, que, por sua vez, era posse do Fundo Martin Peterson. Que confusão!
Mesmo com a confessa desconfiança de ilegalidade no processo - hoje se sabe que ocorreu fraude no aval concedido para a venda da VarigLog para a Volo -, o brigadeiro José Carlos Pereira disse que votaria "conforme orientação da Casa Civil", mas tinha sérias dúvidas se aquilo não significaria um calote de cerca de R$ 740 milhões.
O voto aconteceria na assembléia de credores da Varig no mês seguinte, aquela em que a quinta-coluna Graziela, presidente do Sindicato dos Aeronautas, foi uma verdadeira fada-madrinha do “china” esperto. Naquele dia, iluminaram a pista para o leilão da Varig, que foi comprada pelos “laranjas” do fundo abutre, num abrir e fechar d` olhos, a preços de Casa Bahia, com as bênçãos do juiz Luiz Roberto Ayoub, da 1ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro, justo no dia de Santos Dumont. Que canalhice!
Sob os aplausos gerais
Ontem, meu coração sangrou: outra caminhada do pessoal da Varig e do Aerus, outra demonstração da mais cálida solidariedade do povo que recebia com aplausos os manifestantes ao longo da praia de Ipanema.
Já que fazem tantas pesquisas, por que não ouvem os contribuintes a respeito desse crime contra a Varig, seu pessoal e a aviação comercial brasileira?
O governo, que soube atender à bancada ruralista e mandar para as calendas R$ 90 bilhões de dívidas do agro-negócio, por que não paga a defasagem tarifária, faz uma “mea culpa”, bota a bola no meio de campo e começa o jogo de novo?
Ou será preciso que o pessoal roubado em seus direitos faça que nem o MST e ocupe um aeroporto, gritando que só sai dali com uma resposta decente do governo? Ou então faça que nem os aposentados da Petros, que tiraram a roupa e se mostrarem de corpo inteiro diante do Palácio do Planalto?
Se o pessoal da Varig e do Aerus mandar brasa pra valer, não parar mais, no mínimo vão ter de pagar as dívidas trabalhistas e fazer com o Aerus o mesmo que fizeram com o Portus, assegurando aos seus aposentados o retorno do produto de suas contribuições ao longo de décadas.
O petróleo é deles
Neste sábado, fui honrado com um conciso artigo do historiador Wladmir Coelho, diretor Científico da Fundação Brasileira de Direito Econômico. É um olhar arguto e preocupante sobre o complô para corroer a Petrobrás na maior sem cerimônia, num golpe eivado de sofismas.
Veja o que o mestre em direito escreveu:
“O ministro das Minas e Energia Edson Lobão anunciou no último dia 27 – em entrevista ao jornal Valor Econômico – sua proposta de privatização final do petróleo brasileiro a partir da criação de uma empresa estatal cujo objetivo seria contratar companhias como Petrobrás, Esso e Shell para exploração petrolífera.
A entrevista apresenta-se repleta de termos “patrióticos” e “nacionalistas” afirmando sua exa. que a nova empresa seria “100% da União 100% do povo brasileiro”, ao contrário da Petrobrás, cujo controle estatal estaria situado – ao que podemos concluir da fala do Sr. Lobão - no campo do simbólico com apenas 40% em mãos do governo brasileiro.
O modelo proposto ao governo para “salvação” do petróleo brasileiro segue a fórmula neo-liberal dos “contratos de riesgo compartido” adotados na Bolívia em 1996 através da lei 1689 tardiamente traduzido pelo ministro Lobão de “contrato de partilha da produção”. Nesta modalidade contratual o petróleo continuaria como propriedade da União conforme determina as constituições do Brasil, da Bolívia e grande parte dos países produtores deste valioso mineral, entretanto sua exploração seria entregue as empresas particulares”
Veja íntegra do artigo de Wladmir Coelho em http://porfiriourgente.blogspot.com/.
coluna@pedroporfirio.com
Brigadeiro José Carlos Pereira, ex-presidente da Infraero.
Bem que venho escrevendo em letras garrafais e gritando em altos brados: o processo de recolonização do nosso torrão é tiro e queda. Só não vê quem é ruim da cabeça ou está drogado, entretido pelas engenhocas eletrônicas que entorpecem mais do que cocaína e bestializam mais do que conversa para boi dormir.
Pena que meio mundo não está nem aí. No horizonte perdido, qualquer prazer diverte a turba. Porca miséria. Quanto mais a gente reza, mais aparece assombração.
Nessa volúpia capitulacionista que começa na Amazônia de todas as riquezas e vai até a desnacionalização de nosso sistema aéreo, entra tudo, numa ocupação dissimulada até de nossas nuvens, com o solapamento solerte de nossa soberania e a anexação indolor de nossa economia às matrizes dos donos do mundo.
Vou te contar: a coisa está mais feia do que aparenta. Mais do que a lupa caseira alcança. É madeira de dar em doido.
O céu de mão beijada
Sem maiores estardalhaços, o governo brasileiro deu mole para as empresas de aviação dos Estados Unidos, aliás, como consta do script que principiou com o esfacelamento da Varig e outras companhias tradicionais, em benefício de um duopólio que não tem asas para ficar no ar e de violações grotescas da nossa Constituição, rasgada em pedacinhos, com a chancela de uma Justiça que, valha-nos Deus!
Ou você não sabe desses descuidos que vão desde o leilão que transferiu a Varig para os prepostos de um fundo abutre norte-americano e, na seqüência, da decisão judicial que deixou os “laranjas” no ora veja e entregou sem constrangimento o controle da Variglog, a subsidiária que comeu a mãe e a passou adiante, ao controle do próprio grupo alienígena, graças às peripécias do compadre do presidente, que mamou (por dentro) módicos 5 milhões de dólares, cooptou a corte toda, trocou as bolas e acertou tudo como o diabo gosta?
Agora vêm os peraltas da Anac (certamente orientados pela Casa Civil) e estendem o tapete nebuloso tecido por nossas nuvens para as companhias do Tio Sam voarem e rolarem, numa jogada da pesada, através de um acordo de cartas marcadas que franqueia geral os vôos entre os dois países.
Como aqui nossos aviões já não dão nem pro gasto doméstico, o tratado é mamão com açúcar para as companhias norte-americanas, que contam com o apoio total e absoluto do seu governo, conforme juras da secretária de Transportes dos EUA, Mary Peters.
- Esse acordo vai ajudar as empresas (de lá) a satisfazerem a crescente demanda por serviços de passageiros e de carga entre EUA e Brasil. Agora, é crucial que demos às companhias americanas toda a oportunidade possível de competir e ter êxito seja onde for que os passageiros queiram visitar.
Pelo acordo de compadres, o céu não tem limite. Daqui por diante, qualquer aérea dos dois países poderá participar desse transporte. Também será permitido, pela primeira vez, o code-share (compartilhamento de vôos) entre empresas brasileiras e americanas com companhias de terceiros países interessadas nas rotas entre Brasil e EUA.
Não é bem um negócio da China, porque o Lap Chan, o dono da bola no estrago da Varig, não está na fita. Mas já explodiu nos nossos hangares, como advertiu Ronaldo Jenkins, diretor do Sindicato Nacional das Empresas Aéreas.Segundo ele, isso vai permitir que apenas as companhias americanas aumentem o número de vôos para o Brasil.
— Dos 105 vôos semanais para os EUA, as empresas brasileiras têm 35. A tendência é que essa participação caia. A medida visa a atender às empresas dos EUA — disse Jenkins, com o sentimento de que bateram sua carteira.
Também pudera. Cada dia a gente fica sabendo do mau comportamento da dona Dilma (que matou a menina que havia naqueles sonhos) virou a coroa esperta e está deixando o Zé Dirceu no chinelo.
A notícia de ontem foi a gravação sobre a pressão exercida diretamente sobre a Infraero para facilitar o negócio da transferência da Varig para a Variglog, propriedade da Volo do Brasil, máscara da Volo Lac, que, por sua vez, era posse do Fundo Martin Peterson. Que confusão!
Mesmo com a confessa desconfiança de ilegalidade no processo - hoje se sabe que ocorreu fraude no aval concedido para a venda da VarigLog para a Volo -, o brigadeiro José Carlos Pereira disse que votaria "conforme orientação da Casa Civil", mas tinha sérias dúvidas se aquilo não significaria um calote de cerca de R$ 740 milhões.
O voto aconteceria na assembléia de credores da Varig no mês seguinte, aquela em que a quinta-coluna Graziela, presidente do Sindicato dos Aeronautas, foi uma verdadeira fada-madrinha do “china” esperto. Naquele dia, iluminaram a pista para o leilão da Varig, que foi comprada pelos “laranjas” do fundo abutre, num abrir e fechar d` olhos, a preços de Casa Bahia, com as bênçãos do juiz Luiz Roberto Ayoub, da 1ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro, justo no dia de Santos Dumont. Que canalhice!
Sob os aplausos gerais
Ontem, meu coração sangrou: outra caminhada do pessoal da Varig e do Aerus, outra demonstração da mais cálida solidariedade do povo que recebia com aplausos os manifestantes ao longo da praia de Ipanema.
Já que fazem tantas pesquisas, por que não ouvem os contribuintes a respeito desse crime contra a Varig, seu pessoal e a aviação comercial brasileira?
O governo, que soube atender à bancada ruralista e mandar para as calendas R$ 90 bilhões de dívidas do agro-negócio, por que não paga a defasagem tarifária, faz uma “mea culpa”, bota a bola no meio de campo e começa o jogo de novo?
Ou será preciso que o pessoal roubado em seus direitos faça que nem o MST e ocupe um aeroporto, gritando que só sai dali com uma resposta decente do governo? Ou então faça que nem os aposentados da Petros, que tiraram a roupa e se mostrarem de corpo inteiro diante do Palácio do Planalto?
Se o pessoal da Varig e do Aerus mandar brasa pra valer, não parar mais, no mínimo vão ter de pagar as dívidas trabalhistas e fazer com o Aerus o mesmo que fizeram com o Portus, assegurando aos seus aposentados o retorno do produto de suas contribuições ao longo de décadas.
O petróleo é deles
Neste sábado, fui honrado com um conciso artigo do historiador Wladmir Coelho, diretor Científico da Fundação Brasileira de Direito Econômico. É um olhar arguto e preocupante sobre o complô para corroer a Petrobrás na maior sem cerimônia, num golpe eivado de sofismas.
Veja o que o mestre em direito escreveu:
“O ministro das Minas e Energia Edson Lobão anunciou no último dia 27 – em entrevista ao jornal Valor Econômico – sua proposta de privatização final do petróleo brasileiro a partir da criação de uma empresa estatal cujo objetivo seria contratar companhias como Petrobrás, Esso e Shell para exploração petrolífera.
A entrevista apresenta-se repleta de termos “patrióticos” e “nacionalistas” afirmando sua exa. que a nova empresa seria “100% da União 100% do povo brasileiro”, ao contrário da Petrobrás, cujo controle estatal estaria situado – ao que podemos concluir da fala do Sr. Lobão - no campo do simbólico com apenas 40% em mãos do governo brasileiro.
O modelo proposto ao governo para “salvação” do petróleo brasileiro segue a fórmula neo-liberal dos “contratos de riesgo compartido” adotados na Bolívia em 1996 através da lei 1689 tardiamente traduzido pelo ministro Lobão de “contrato de partilha da produção”. Nesta modalidade contratual o petróleo continuaria como propriedade da União conforme determina as constituições do Brasil, da Bolívia e grande parte dos países produtores deste valioso mineral, entretanto sua exploração seria entregue as empresas particulares”
Veja íntegra do artigo de Wladmir Coelho em http://porfiriourgente.blogspot.com/.
coluna@pedroporfirio.com