“Quando a fome bater à vossa porta, sentireis em vosso peito a energia para a luta por vós e vossos filhos. Quando vos vilipendiarem, sentireis no meu pensamento a força para a reação. Meu sacrifício vos manterá unidos e meu nome será a vossa bandeira de luta. Cada gota de meu sangue será uma chama imortal na vossa consciência e manterá a vibração sagrada para a resistência”.
Getúlio Vargas, carta-testamento, 24 de agosto de 1954.
Estamos chegando ao final deste agosto e cruzando as últimas semanas do inverno. Aqui, do sopé da serra dos Três Rios, junto ao Parque Nacional da Tijuca, é possível contemplar uma natureza bucólica, que tenta resistir aos predadores à cata de qualquer refúgio onde erguer sua moradia. Ainda há verde no horizonte e os micos assanhados fazem da fiação seus trapézios. Eles andam em grupos, como se essa fosse sua alegria de viver.
Os pássaros que aqui gorjeiam transitam pelos jardins e dão-se ao prazer de bicarem em nossos jardins. Lembro a sabedoria de Friedrich Wilhelm Nietzsche, quando observa: “Os leitores extraem dos livros, consoante o seu caráter, a exemplo da abelha ou da aranha que, do suco das flores retiram, uma o mel, a outra o veneno”.
Há 53 anos
É dia de lembranças. Há exatos 53 anos, o Brasil vivia sua grande comoção social: Getúlio Dornelles Vargas, o mais importante líder brasileiro do Século XX, disparava contra o próprio coração, legando ao país com o seu gesto extremo a mais pungente das denúncias: sua morte foi o primeiro capítulo de uma novela que ainda não acabou.
Os poderosos grupos econômicos não mandam flores. Nem no inverno, nem na primavera que se descortina à distância. Querem sugar nossas riquezas e explorar nosso povo, numa guerra silenciosa que travam, segundo as práticas mais sujas de que se tem notícia em todo o planeta.
Ao contemplar o horizonte na direção da serra que atravesso todos os dias, dou-me à busca das respostas que seriam simples se a eletrônica máquina selvagem não monitorasse nossos hábitos e determinasse nossas decisões.
Curioso: quando Getúlio morreu, aos 72 anos, era o centenário de nascimento de Oscar Wilde, um sábio inquieto, que a meningite matou às 9h50m do dia 30 de novembro de 1900, ano em que a humanidade perdeu também Friedrich Wilhelm Nietzsche.
De Oscar Wilde, que nos deixou uma obra profunda, recolho um ensinamento: “um sonhador é aquele que só ao luar descobre o seu caminho e que, como punição, apercebe a aurora antes dos outros”.
Getúlio Vargas foi o melhor espelho de uma época rica em que ainda havia espaços para o cultivo de idéias e a construção de pensamentos. Ele percorria seu projeto sob a inspiração do sábio, para quem caminhamos com as duas pernas – a do sonho e a da realidade, uma alimentando e sustentando a outra.
Pouco se sabe e pouco se discute a respeito do Estado nacional e do regime de garantias sociais que ele nos deixou como fundamento essencial de uma sociedade justa, próspera e independente.
Com sua morte, tentaram sepultar o nosso destino de nação senhora de suas riquezas e generosa com seus filhos. Ali, aliás, naquele agosto trágico, começou a grande ofensiva de recolonização de nosso país.
1964 X 1954 e 1961
Em 1955, se não fosse pela espada de Henrique Teixeira Lott, um general de verdade, teriam abortado a vontade do povo, expressa nas urnas, com a eleição de Juscelino Kubitschek e João Goulart. Ainda era primavera, naquele 11 de novembro, quando o então ministro da Guerra, á frente da maioria legalista das nossas Forças Armadas, pôs para correr os que tentaram se encastelar no Catete e rasgar a Constituição.
Em 1961, um novo capítulo: a mal explicada renúncia de Jânio Quadros, também numa manhã fria de inverno. Para ser mais preciso, num 25 de agosto, dia do soldado.
Ali, emergiu outra lendária figura de nossa história: Leonel de Moura Brizola. Mesmo sem saber com quem podia contar a não ser com o povo que o fizera governador do Rio Grande do Sul aos 36 anos de idade, proclamou um rotundo “não passarão” e impediu que uma junta militar usurpasse o poder, já no Planalto.
Esse ato de bravura, que não se reconhece ao longo da história pátria na biografia de nenhum outro homem público, imputaria sobre o resto de sua vida o ódio mais torpe dos que foram frustrados em sua tentativa insidiosa, a serviço dos trustes, que passaram a financiar conspirações desde os tempos de Getúlio.
Foi então que veio o primeiro de abril de 1964, com todo o infortúnio que nos custou vinte anos de sofrimentos, traições, submissão à grande potência do Norte, violações festejadas dos direitos humanos, cumplicidade e covardia.
1964 foi a revanche ignominiosa que consagrou o arbítrio como forma de sustentação dos piores interesses e dos hábitos mais perversos, em contraste com a índole do nosso povo. Foi o segundo enterro de Getúlio e de seus sonhos nacionalistas.
Brizola foi escalado para o escárnio monstruoso. Mesmo depois que o regime das bestas feras se exauriu, ele continuou condenado, como se tivesse reencarnado com maior vigor e mais tenacidade o melhor de Getúlio Vargas. Qualquer um poderia chegar à Presidência de República, qualquer, viesse de onde viesse: Brizola, não.
Eles sabiam que Brizola seria o resgate mais cristalino do projeto nacional, o guardião mais determinado das conquistas trabalhistas, o verdadeiro libertador, com sua intuitiva percepção da aurora de que falava Oscar Wilde.
Não há, assim, como lembrar a morte do presidente Getúlio Vargas, sem falar do seu mais legítimo continuador. E não há como recordar o mundo que o grande estadista nos legou, apesar da orquestração reacionária, sem ligá-lo, por laços de sangue e de sonhos ao baluarte com quem convivemos até 2004.
Aqui, cabe recorrer de novo a Nietzsche: “as convicções são inimigas mais perigosas da verdade do que as mentiras”. Resta saber o que será do amanhã, já que o nosso hoje não se vê a um palmo do nariz.
Faz um pouco de frio ainda e ainda há sonhos nos semblantes de muitos patriotas. Getúlio Vargas hoje está mais vivo do que nunca. Como Brizola. E como todos os que doaram suas vidas à causa de um Brasil realmente livre, justo e próspero.
coluna@pedroporfirio.com
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