"É o jovem de elite, com acesso a estudo, boa moradia e melhores condições de vida, o maior consumidor. É preciso que o estado elabore políticas urgentes para combater o problema, porque atualmente dá-se muita atenção à oferta de drogas e não ao consumidor."
Professor Marcelo Neri, coordenador da pesquisa "O Estado da juventude: Drogas, prisões e acidentes"
Jovens universitários da classe alta brasileira são os que mais consomem drogas no País। É o que revela uma pesquisa analítica coordenada por Marcelo Neri, da Fundação Getúlio Vargas: de 182 mil pessoas ouvidas, 72,54% declararam que fazem uso de maconha, cocaína e lança-perfume। Esse grupo relatou gastar, em média, R$ 75 por mês com drogas। Os usuários pertencem às classes A/B, com renda superior a 45 salários mínimos। A grande maioria deles é branca (85,1%), católica (88,3%) e tem filhos (80,46%).
As revelações contidas nessa pesquisa foram apresentadas oficialmente pelo Centro de Políticas Sociais da Fundação Getúlio Vargas (FGV) no seminário Desafios da Gestão Pública de Segurança. Elas falam por si. Mas servem, sobretudo, para explicar a falência moral da família burguesa e o apoio incondicional às execuções policiais, realizadas seletivamente longe da Zona Sul, como admitiu, nesse mesmo seminário, o secretário de Segurança José Mariano Beltrame.
A pesquisa sobre o perfil do consumidor de drogas da FGV não foi contestada por ninguém, embora contrarie não apenas o ambiente de hipocrisia que monitora uma sociedade perdida em seus próprios sonhos mesquinhos, além de contrastar com a prática। Como lembrou o repórter Francisco Edson Alves, ao assinar a matéria a respeito no jornal "O Dia", "quem vai para trás das grades são negros, pobres e analfabetos".
Jovens ricos e sem rumo
Trato desse assunto com certa amargura e uma boa dose de revolta. Moro num lugar outrora a salvo de tais situações, onde uma classe média de nariz empinado paga uma baba para manter todos os acessos sob controle de uma empresa de segurança. E, no entanto, o meu vizinho mais próximo teve que se mudar há uns quatro anos diante da absoluta impossibilidade de resolver o ímpeto de consumo de droga do seu filho, então matriculado numa faculdade de comunicação social.
O lugar onde moro, aliás, é colado a um morro onde os moradores, organizados sabe Deus como, não permitem bocas de fumo em seu interior. Nem traficantes, nem bandidos de nenhuma espécie. No entanto, minha família teve uma vez o desprazer de presenciar uma cena emblemática: como perdera o controle do filho, o vizinho chamou a polícia para prender o fornecedor, que entregava a droga a domicílio.
Ao ver o seu fornecedor sendo preso, o viciado pulou o muro de casa e foi se atracar com os policiais, aos gritos de que se alguém tinha de ser preso deveria ser ele, porque fora sua a iniciativa de encomendar a cocaína. A gritaria foi seguida de pernadas e pescoções, que sobraram para o próprio pai, envergonhado com tudo aquilo. Como o rapaz estava alucinado, acabou tudo como se nada houvesse acontecido.
Conto a história sem constrangimento porque ela repercutiu como um aluvião por todo o condomínio. Mais grave, no entanto, foi saber que havia outros 6 locais onde os traficantes chegavam de moto ou carro para entregar as drogas aos jovens dali. Houve um esforço da associação de moradores, mas a ação dos seguranças particulares muitas vezes é desmoralizada pelos próprios pais. Uma certa vez, um conhecido humorista de TV peitou os funcionários, demonstrando ele mesmo ser um viciado.
Agora, a pesquisa coordenada pelo professor Marcelo Neri está aí, na sua cara, tal, como aliás, diz o oficial do Bope, do "Tropa de elite", que estudava direito numa tradicional faculdade particular: ele desabafa com toda razão, ao lembrar, como é óbvio, que não haveria tráfico se não houvesse consumo. Vale aqui o depoimento de Pedro Dória em seu blog: "Em `Tropa de elite' há uma acusação explícita que a classe média carioca, principalmente os jovens universitários - e fui um destes um dia -, não gosta de ouvir. Eles financiam o tráfico".
Como está dominado pela idéia de que o povo ruma para onde ruma a classe média e convencido de que esta quer ver o circo pegar fogo nas favelas e comunidades pobres, o governador Sérgio Cabral não vai nem ler essa pesquisa sobre consumidores de droga, que pode ser encontrada na internet no http://www3.fgv.br/ibrecps/EDJ/index.htm
Professor Marcelo Neri, coordenador da pesquisa "O Estado da juventude: Drogas, prisões e acidentes"
Jovens universitários da classe alta brasileira são os que mais consomem drogas no País। É o que revela uma pesquisa analítica coordenada por Marcelo Neri, da Fundação Getúlio Vargas: de 182 mil pessoas ouvidas, 72,54% declararam que fazem uso de maconha, cocaína e lança-perfume। Esse grupo relatou gastar, em média, R$ 75 por mês com drogas। Os usuários pertencem às classes A/B, com renda superior a 45 salários mínimos। A grande maioria deles é branca (85,1%), católica (88,3%) e tem filhos (80,46%).
As revelações contidas nessa pesquisa foram apresentadas oficialmente pelo Centro de Políticas Sociais da Fundação Getúlio Vargas (FGV) no seminário Desafios da Gestão Pública de Segurança. Elas falam por si. Mas servem, sobretudo, para explicar a falência moral da família burguesa e o apoio incondicional às execuções policiais, realizadas seletivamente longe da Zona Sul, como admitiu, nesse mesmo seminário, o secretário de Segurança José Mariano Beltrame.
A pesquisa sobre o perfil do consumidor de drogas da FGV não foi contestada por ninguém, embora contrarie não apenas o ambiente de hipocrisia que monitora uma sociedade perdida em seus próprios sonhos mesquinhos, além de contrastar com a prática। Como lembrou o repórter Francisco Edson Alves, ao assinar a matéria a respeito no jornal "O Dia", "quem vai para trás das grades são negros, pobres e analfabetos".
Jovens ricos e sem rumo
Trato desse assunto com certa amargura e uma boa dose de revolta. Moro num lugar outrora a salvo de tais situações, onde uma classe média de nariz empinado paga uma baba para manter todos os acessos sob controle de uma empresa de segurança. E, no entanto, o meu vizinho mais próximo teve que se mudar há uns quatro anos diante da absoluta impossibilidade de resolver o ímpeto de consumo de droga do seu filho, então matriculado numa faculdade de comunicação social.
O lugar onde moro, aliás, é colado a um morro onde os moradores, organizados sabe Deus como, não permitem bocas de fumo em seu interior. Nem traficantes, nem bandidos de nenhuma espécie. No entanto, minha família teve uma vez o desprazer de presenciar uma cena emblemática: como perdera o controle do filho, o vizinho chamou a polícia para prender o fornecedor, que entregava a droga a domicílio.
Ao ver o seu fornecedor sendo preso, o viciado pulou o muro de casa e foi se atracar com os policiais, aos gritos de que se alguém tinha de ser preso deveria ser ele, porque fora sua a iniciativa de encomendar a cocaína. A gritaria foi seguida de pernadas e pescoções, que sobraram para o próprio pai, envergonhado com tudo aquilo. Como o rapaz estava alucinado, acabou tudo como se nada houvesse acontecido.
Conto a história sem constrangimento porque ela repercutiu como um aluvião por todo o condomínio. Mais grave, no entanto, foi saber que havia outros 6 locais onde os traficantes chegavam de moto ou carro para entregar as drogas aos jovens dali. Houve um esforço da associação de moradores, mas a ação dos seguranças particulares muitas vezes é desmoralizada pelos próprios pais. Uma certa vez, um conhecido humorista de TV peitou os funcionários, demonstrando ele mesmo ser um viciado.
Agora, a pesquisa coordenada pelo professor Marcelo Neri está aí, na sua cara, tal, como aliás, diz o oficial do Bope, do "Tropa de elite", que estudava direito numa tradicional faculdade particular: ele desabafa com toda razão, ao lembrar, como é óbvio, que não haveria tráfico se não houvesse consumo. Vale aqui o depoimento de Pedro Dória em seu blog: "Em `Tropa de elite' há uma acusação explícita que a classe média carioca, principalmente os jovens universitários - e fui um destes um dia -, não gosta de ouvir. Eles financiam o tráfico".
Como está dominado pela idéia de que o povo ruma para onde ruma a classe média e convencido de que esta quer ver o circo pegar fogo nas favelas e comunidades pobres, o governador Sérgio Cabral não vai nem ler essa pesquisa sobre consumidores de droga, que pode ser encontrada na internet no http://www3.fgv.br/ibrecps/EDJ/index.htm
Guerra de bodes expiatórios
Não vai porque ele já caiu na sua própria esparrela e deve estar orgulhoso dos números sobre execuções policiais, ainda mais que, como disse o doutor Beltrame, "um tiro em Copacabana é uma coisa. Na favela da Coréia é outra". Afinal, são 696 executados em apenas seis meses, fazendo inveja aos tempos do general Cerqueira, quando o Estado pagava a "gratificação faroeste".
Para Sérgio Cabral, "guerra é guerra". E como declarou guerra, vale tudo. Isso implica, por exemplo, na tolerância com as "milícias" e com seguranças particulares ilegais, que já somam o triplo dos efetivos do Estado. Afinal, em todas essas "tropas auxiliares" há policiais, como o inspetor que foi morto numa cilada cinematográfica: o então todo-poderoso de uma das maiores favelas do Rio de Janeiro fora lotado no gabinete do chefe de polícia.
Você pode dizer que os filhinhos de papai - e muitos que nem pai têm - são induzidos ao consumo por traficantes implacáveis. Mentira. Um dos mais competentes engenheiros da Prefeitura do Rio de Janeiro, hoje na função de secretário municipal num município da Baixada Fluminense, foi criado na favela da Nova Holanda, no Complexo da Maré. Ele e suas cinco irmãs fizeram faculdades e são exemplos para esses jovens, deliberadamente dominados por uma máquina mortífera, que espalhou o vírus da alienação, segundo a teoria de que é jurássico se interessar pelos grandes problemas nacionais e os grandes desafios sociais.
Casais que levam vidas hipócritas, que só pensam em si, que não têm mais certeza de nada, que perderam os próprios referenciais religiosos, que vivem na mais assumida corrida do sucesso pessoal a qualquer preço, são os maiores responsáveis pelos descaminhos dos seus filhos. Impotentes, vibram à execução de cada jovem em guetos como a favela da Coréia. É assim que se compensam pelo fracasso enquanto pais de viciadinhos que não sabem o que fazer de sua juventude cheia de si.
mailto:coluna@pedroporfirio.com
Não vai porque ele já caiu na sua própria esparrela e deve estar orgulhoso dos números sobre execuções policiais, ainda mais que, como disse o doutor Beltrame, "um tiro em Copacabana é uma coisa. Na favela da Coréia é outra". Afinal, são 696 executados em apenas seis meses, fazendo inveja aos tempos do general Cerqueira, quando o Estado pagava a "gratificação faroeste".
Para Sérgio Cabral, "guerra é guerra". E como declarou guerra, vale tudo. Isso implica, por exemplo, na tolerância com as "milícias" e com seguranças particulares ilegais, que já somam o triplo dos efetivos do Estado. Afinal, em todas essas "tropas auxiliares" há policiais, como o inspetor que foi morto numa cilada cinematográfica: o então todo-poderoso de uma das maiores favelas do Rio de Janeiro fora lotado no gabinete do chefe de polícia.
Você pode dizer que os filhinhos de papai - e muitos que nem pai têm - são induzidos ao consumo por traficantes implacáveis. Mentira. Um dos mais competentes engenheiros da Prefeitura do Rio de Janeiro, hoje na função de secretário municipal num município da Baixada Fluminense, foi criado na favela da Nova Holanda, no Complexo da Maré. Ele e suas cinco irmãs fizeram faculdades e são exemplos para esses jovens, deliberadamente dominados por uma máquina mortífera, que espalhou o vírus da alienação, segundo a teoria de que é jurássico se interessar pelos grandes problemas nacionais e os grandes desafios sociais.
Casais que levam vidas hipócritas, que só pensam em si, que não têm mais certeza de nada, que perderam os próprios referenciais religiosos, que vivem na mais assumida corrida do sucesso pessoal a qualquer preço, são os maiores responsáveis pelos descaminhos dos seus filhos. Impotentes, vibram à execução de cada jovem em guetos como a favela da Coréia. É assim que se compensam pelo fracasso enquanto pais de viciadinhos que não sabem o que fazer de sua juventude cheia de si.
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4 comentários:
realmente essa pesquiza mostra a realidade que a elite burguesa não quer ver. mas, tenho algumas perguntas:
1- será que parte disso tudo não é por causa da proibição? porque eu posso me drogar com alcool e nicotina, mas não com tetracanabinol ou cocaina?
2- será que os problemas de saúde pública causados por uma possível liberação das drogas não seria menor e mais fácil de se lidar do que o problema de segurança pública que a proibição traz?
reconheço que o problema é muito sério, mas defendo que uma parte da solução está na liberação. compreendo que há diferenças gritantes entre maconha e cocaína. a seguna, me parece, é muito mais perigosa - e cara - que a primeira. não sei se seria o caso de uma liberação parcial. o que me leva a última perguna:
3- como fica o debate do assunto?
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